Pesquisa traça perfil de manifestantes pró-Bolsonaro em Maceió

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aioria masculina, branca, cristã e de classe média/média-alta. Esse é o perfil dos manifestantes do último domingo (26) em Maceió, no ato de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O estudo foi coordenado pelo professor doutor Cristiano Bodart, do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

O grupo de pesquisadores, formados por mais sete pessoas, entrevistou 112 manifestantes durante a concentração do ato, no Corredor Vera Arruda, na orla de Jatiúca, entre 9h e 13h.

O estudo teve o “objetivo de traçar o perfil dos manifestantes e suas motivações para participação no ato. A importância deste survey está em caracterizar o perfil e as percepções dos manifestantes, o que contribui para entendermos os sujeitos que vêm participando ativamente no jogo democrático que se dá na esfera pública”, explica o relatório dos pesquisadores. Cristiano Bodart adianta à Tribuna que o grupo fará a mesma pesquisa no ato dea quinta-feira (30), contra o governo Bolsonaro.

“Queremos ter um comparativo entre os dois perfis de manifestantes, apesar de já identificarmos algumas características”, comenta o pesquisador da Ufal.

O questionário perguntou aos entrevistados sua percepção sobre a democracia, no geral e no Brasil. E é neste ponto que aparece a principal contradição nas respostas, pois a maioria – 84,8% – considera a democracia, sob qualquer situação, a melhor forma de governo, mas 91,4% não confiam nas instituições e 49% defendem intervenção militar.

“O que a gente percebe, ainda mais durante as entrevistas, pois muitos justificavam suas respostas, é que há uma percepção superficial do que seja democracia. Se ouviu muito nas escolas, principalmente nos anos 2000 que a democracia é boa, mas ficou nisso. O que a gente percebe é que eles estavam protestando em defesa de interesses individuais e não coletivos”, analisa Cristiano Bodart.

Como evidência do caráter mais individualista dos manifestantes, o professor aponta a aprovação para o porte de arma de fogo, cujo índice de aceitação foi de 85,7%.

“Isso mostra que é algo individualizado. Ao invés de defenderem uma política pública de segurança, defendem a posse de arma de fogo. É a mesma lógica em relação às cotas nas universidades”, aponta Cristiano Bodart.

Segundo a pesquisa, 99% dos entrevistados são a favor da redução da maioridade penal; 87,6% são contra as cotas nas universidades públicas; e 91,3% apoiam o contingenciamento/corte de recursos do ensino superior.

Conservadores estão se expondo mais, destaca professor da Ufal

O perfil conservador dos apoiadores de Jair Bolsonaro tem ganhado mais holofote nos últimos anos. Segundo Cristiano Bodart, eles sempre existiram, mas não se expunham.

“Hoje se orgulham de ser contra a universidade pública, de ser contra cotas, qualquer tipo de políticas públicas que tenham o objetivo de distribuir renda. Isso não era tão claro, mas sempre existiu”, afirma Cristiano Bodart.

Cristiano Bodart argumenta que apoiadores de Bolsonaro se orgulham até de ser contra universidade pública (Foto: Acervo pessoal)
Ele ressalta o crescimento da classe média brasileira com pessoas de camadas de renda mais baixas e que incorporaram os valores tradicionais desse segmento.

“Tivemos uma ampliação do número considerável no Brasil de pessoas que passaram a ter consumo e acesso ao ensino superior. São sujeitos que se inseriram no consumo, mas abraçaram, em certa medida, essa ideia de ‘eu preciso ser classe média’ e incorporaram seu discurso. A inclusão numa classe não é só financeira, é também simbólica. Então é preciso incorporar costumes, valores, crenças e visão de mundo para ser reconhecido nesse grupo”, explica.

NÚMEROS

Segundo a pesquisa, 59,62% dos manifestantes eram homens. 63% tinham entre 30 e 59 anos de idade; 8% tinham menos de 20 anos e 14% mais de 60 anos. 42% tinham renda entre R$ 2 mil e R$ 7 mil; 43% acima de R% 7 mil; e só 14% abaixo de R$ 2 mil.

46,15% tinham ensino superior completo e 16,35% incompleto; 5,77% tinham mestrado e 1% doutorado; e 4,81% tinham ensino fundamental incompleto.

20,2% eram funcionários públicos e 12,5% privados; 12,5% eram empresários e 26,9% autônomos; e 14,4% eram aposentados.

51,9% eram católicos; 30,8% evangélicos; 7,7% eram espíritas; sem religião, 5,8%; e outras religiões, 3,8%.

50% se declararam brancos; 13,5%, pretos; 33,7%, pardos; 1%, indígenas; e 1,9% amarelos. 76,9% estavam numa manifestação de rua pela primeira vez.

Os motivos de participação foram difusos, mas o mais citado foi “apoiar Jair Bolsonaro contra a oposição do Congresso Nacional”, com 39,4%. As redes sociais são o principal meio de obter informações políticas para 67,6%.
Fonte: Tribuna Independente / Carlos Amaral

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