O ‘apartheid’ salarial dos servidores de Alagoas

O ‘apartheid’ salarial dos servidores de Alagoas

De novo ‘pego carona’ no leitor para expressar aqui o que penso da distorção salarial existente entre servidores do estado: inadmissível, injustificável.

Por conta de ‘direitos adquiridos’ e de uma legislação capenga ou de ações judiciais, o Estado mantém ás custas dos contribuintes uma verdadeira casta de privilegiados, enquanto a maioria amarga salários irrisórios.

O mesmo estado que banca servidores morando em mansões e sendo transportados por carros de luxo, guiados por funcionários pagos com o dinheiro público, mantém na miséria milhares de servidores cuja remuneração é, ainda hoje, inferior ao salário mínimo.

O aumento linear de salários aprofunda o fosso e consolida o apartheid salarial existente na máquina pública. Inadmissível!

Uns com tanto, outros com quase nada.

Um estado justo reduziria as diferenças salariais. Que lei é essa que dá a um servidor o direito de receber R$ 30 mil, enquanto outros ganham míseros R$ 700? Não são todos servidores públicos?

Delegado, como “revela” a leitora que assina como “Alagoana”, não trabalha sem agentes ou chefes de serviço. E o que faria um coronel se não existissem soldados, cabos ou sargentos?

Da mesma forma, médico não trabalha sem enfermeiro ou sem auxiliar de enfermagem. Cada servidor tem seu peso, sua importância e todos são pagos com  dinheiro público. Porque então tantas diferenças, tantos privilégios?

O “povo” está longe dessa discussão e não participa das decisões.

Talvez por isso as ‘castas’ cuidem de aumentar, escondidos em suas salas bem servidas por um penca de assessores, cada vez mais seus privilégios e nem se preocupem em saber como  são tratados seus ‘patrões’ – os contribuintes – nos hospitais, postos de saúdes, escolas, delegacias, tribunais, fóruns, gabinetes…

Deixo um questionamento para todos, especialmente para aqueles que foram escolhidos pelo povo para representá-lo: não seria hora de promover uma verdadeira arrumação nessa ‘casa’, reduzindo as distâncias salariais e promovendo uma reforma administrativa voltado aos interesses da sociedade?

O desabafo da leitora

Reproduzo o comentário da leitora “Alagoana” e faço minhas suas palavras:

Caro Edivaldo,

Muitas pessoas devem ficar questionando o porquê dos policiais civis ficarem constantemente em campanha salarial… Eis o motivo! Profissionais com o mesmo nível de escolaridade (nível superior), têm que amargar uma das maiores disparidades salariais do serviço público: o salário dos delegados de Alagoas é um dos melhores do Brasil, quase equivalente ao de um Delegado Federal, enquanto o dos Agentes e Escrivães é penúltimo pior do país.

Esse verdadeiro “APARTHEID” salarial é extremamente desmotivante, sendo que um Delegado não trabalha sozinho. um documento não chega na sua mesa para assinar se um Agente não fizer uma diligência, ou um Escrivão não o elaborar. Todos são policiais e igualmente importantes, por isso, merecem valorização. O Delegado tem como uma de suas atribuições a supervisão, então merece sim ganhar mais, só que deve haver um equilíbrio e não esse abismo.

Fico feliz que pelo fato dos policiais estarem lutando pra ter um salário melhor, isso mostra que querem viver do seu salário e de forma honesta. Assustador é quando um policial não liga para o baixo salário que recebe…

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Edivaldo Junior

Edivaldo Junior

Edivaldo Junior é jornalista, colunista da Gazeta de Alagoas e editor do caderno Gazeta Rural

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