Renan Filho avisa que não quer “briga” com o Ministério Público Estadual. Ele entende, assim como eu, que o MPE tem o papel de defender o cidadão e a sociedade e zelar pelo cumprimento da lei.
Mas o governador avisa que vai conversar com o procurador-geral, Sérgio Jucá, para evitar “excessos” em novas operações a exemplo da FPI do São Francisco, realizada entre 18 e 30 de maio, na região do médio sertão e bacia leiteira.
Entre os “excessos” estão o fechamento de pequenas fábricas artesanais e até a proibição do uso de bois na aração de terras, uma tradição secular na região onde a FPI foi realizada.
A informação está em vídeo do repórter Fernando Valões, que registrou o diálogo de um sertanejo com o governador, durante sua visita do a Santana do Ipanema, no sábado 30 de maio.
No mesmo dia, em reunião da Unicafes, a presidente da Cafisa (Cooperativa dos Agricultores Familiares do Sertão) também fez um desabafo. Ela reclamou dos excessos da FPI e pediu ações educativas e um pouco mais de amor: “a lei pela lei mata”, resume.
Sertanejos estão abalados e precisam ser ouvidos
Transcrevo aqui texto de uma jornalista participante do grupo Só Pautas (grupo do Watsapp para jornalistas). Vou preservar o nome para que ela não sofra pressões como tenho sofrido ao abordar esta questão.
“Pessoal, acabei de ver uma matéria sobre o FPI e queria dizer que visitei alguns produtores de queijo. Nunca vi tanto sertanejo chorando na minha frente.
Eles estão passando por diversas dificuldades, estão psicologicamente abalados, e precisam ser ouvidos. Só para ilustrar:
– eles estão tendo que investir cerca de 300 mil em modelo de fábrica solicitado pelo Estado.
– fizeram os projetos e esperam há diversos meses a autorização para construir.
– dizem que o Próprio Estado atrapalha o andamento das adequações deles dessa forma. Alguns até já estão em fase final de construção, tudo confiando na palavra de um técnico, mas correm risco .
– milhares de alagoanos vivem basicamente de produzir leite e precisam ser ouvidos”.
O outro lado
Fica a sugestão. Porque não dar voz também as pessoas que se sentem prejudicadas com a FPI? O próprio MPE, que tem papel destacado na defesa do cidadão poderia fazer isso.
O que se questiona, como registra uma das pessoas que foi presa na operação, não é se existe ou não lei, mas a forma como ela foi aplicada: “a prisão, pelo que sei, é o último recurso. Existe a advertência, a multa, a interdição e várias outras penalidades. No meu caso foi o primeiro. Se fosse para agir assim ninguém iria mais trabalhar nesse país”, desabafa.
Apenas um boato?
Em comentário postado em texto anterior postado aqui (http://wp.me/p2Awck-2E3) Celso Tavares, médico infectologista e integrante da FPI do São Francisco contesta a informação: “Não temos, porém, como lutar contra os boatos e as mentiras: foi divulgado que estaria proibido o uso de bois na tração de carros ou de burros nas carroças. Tremenda estupidez, pois diversos diplomas legais permitem que isso ocorra normalmente, desde que o animal receba bom trato”.
Não é, no entanto, o que dizem os sertanejos.
Veja os vídeos com o governador https://youtu.be/5x7DI7wQjtg e com a presidente da Cafisa https://youtu.be/m3JcBXuUMvs