Brasil perde mais de R$ 3,8 bilhões por ano com logística no escoamento

Brasil perde mais de R$ 3,8 bilhões por ano com logística no escoamento

Segundo maior exportador de soja e milho do mundo, o Brasil perde em competitividade para grandes concorrentes como Argentina e Estados Unidos pela má qualidade da infraestrutura para o escoamento das commodities.

Um estudo inédito divulgado ontem (25) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que o País tem prejuízos anuais de R$ 3,8 bilhões só pelas condições de pavimentação das rodovias, que oneram em 30,5% os custos operacionais dos exportadores. O diretor executivo da entidade, Bruno Batista, disse ao DCI que este montante corresponde ao valor de quase quatro milhões de toneladas de soja ou cerca de 25% do total de investimentos feitos pelo governo em infraestrutura de transportes no ano passado.

Discussão

Vale lembrar que se considerados os problemas nos demais modais – ferroviário, hidroviário, portos e terminais – a quantidade de prejuízos certamente subiria.

“Além do aumento de competitividade, esperamos que o governo racionalize os investimentos neste momento de cortes, para que setor não sofra ainda mais”, afirma Batista. O Ministério dos Transportes teve R$ 5,735 bilhões restringidos do orçamento deste ano em função do contingenciamento anunciado na última sexta-feira (22) pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.

Neste contexto, a racionalização dos aportes no sistema logístico vai depender da priorização de projetos por parte do governo federal. Entretanto, o executivo da confederação enfatiza que “independentemente dos projetos que sejam contemplados, o volume de recursos que o governo utiliza ainda é baixo e o papel da iniciativa privada deve, de fato, acontecer”.

Na mesma linha, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo de Oliveira, declarou ontem que os próximos investimentos em infraestrutura, que devem ser anunciados em meados de junho, precisam de fontes alternativas de financiamento, seja de instituições nacionais e privadas ou internacionais.

Após encontro com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na mesma data, o vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Alexandre Meira, disse que a instituição prepara a emissão de títulos no mercado brasileiro como forma de contribuir para o financiamento da infraestrutura no País. Os dirigentes do banco não informaram, no entanto, quando será feita a emissão e qual o montante da operação.

Gargalos

De acordo com o levantamento da CNT, só as cadeias de soja e milho representam 85,8% do volume total de grãos produzido no Brasil e contribuem com 43% das exportações nacionais. Batista conta que cerca de 23% do valor da oleaginosa corresponde à logística. No milho, este percentual sobe para 50%.

Na pesquisa, realizada com sete dos dez maiores exportadores de grãos do País, 86% estão insatisfeitos com as rodovias, 83% com a baixa quantidade de ferrovias e 100% reclamam dos portos.

“A melhor saída para a produção é pelo Arco Norte através de hidrovias. Além de gerar um grande benefício, isso aliviaria os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR)”, sugere o diretor. A participação do transporte hidroviário no escoamento de soja representa em torno de 9%, enquanto nos Estados Unidos, principal concorrente no setor, o percentual salta para 49%.

Mesmo assim, a paralisação da hidrovia Tietê-Paraná, por conta da seca, reduziu em mais de 70% a movimentação de soja e milho, que tiverem os embarques onerados pela substituição por caminhões até os portos do Sudeste.

Para solucionar os entraves, estima-se que o investimento inicial necessário é de R$ 195,2 bilhões para 250 projetos.

DCI

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Redação

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