Boa vontade só não basta. A pressão das ruas também não é suficiente. Quem conhece os bastidores da Assembleia Legislativa sabe que o veto parcial do governador na lei que regulamenta a 17ª Vara não será mantido se a votação ocorrer antes de uma “boa conversa” de Renan Filho com alguns deputados.
A regra manda que o voto do veta seja secreto. E assim será. Por isso, lembra uma “raposa” da Casa de Tavares Bastos, “tem gente dizendo que vai votar a favor, mas na verdade é contra”.
Para driblar a opinião pública alguns deputados preferem dizer, publicamente, que estão indecisos ou que são favoráveis a manutenção do veto. “Na hora de votar, cada um faz o que quer, porque ninguém saberá como cada um votou”, explica um deputado.
Sem a interferência direta do governo, a “causa” está perdida. Por “princípio” 21 dos 27 deputados são contra a “falta de limites” da 17ª Vara, mesmo assim alguns votam pró veto por fidelidade ao Palácio dos Palmares.
Os demais deputados esperam por um “pedido” do governador para mudar a posição. “Está na hora de Renan Filho decidir quem é realmente da sua bancada e quem não é”, aponta a “raposa.
A regra, na política, é simples: quem tem tudo, não tem nada.
Hoje não se sabe quem é governo, nem oposição. Renan Filho vai decidir o tamanho de sua bancada ao definir com quantos cargos cada deputado vai participar do seu governo. Até agora ele não começou a distribuição, mas tem na “gaveta” uma reserva de 500 vagas para “conversar” com deputados e prefeitos.
Empurrando com a barriga
A votação do veto parcial da 17ª Vara poderia acontecer já na próxima sessão da ALE, que será realizada na quarta-feira, 22, mas tudo indica que ficará para maio, por conta dos prazos regimentais. Os deputados que trabalham pela derrubada do veto já avisaram que vão pedir vistas, na Comissão de Constituição e Justiça e no plenário.
Somente com essa manobra regimental é possível “ganhar” mais 15 dias.
Com a pauta trancada por conta da votação dos vetos do governo – são oito ao todo – o Legislativo vai continuar realizando sessões de bate-papo. Pode fazer discurso, mas não pode votar nada.
Os deputado devem aproveitar para afiar a língua, afinal ocupar a tribuna sempre rende boas aparições na TV Assembleia.