À medida que as investigações da operação Lava Jato avançam, o sonho de ver Alagoas entrar na “onda” da indústria naval fica mais distante. O projeto de construção do Estaleiro do Nordeste – o “Eisa” – previsto para Coruripe tende a naufragar. Literalmente.
Depois de cinco anos de espera, a licença de implantação do Ibama saiu no começo de setembro passado. Mas saiu, aparentemente, tarde.
Para viabilizar o projeto o empreendedor (German Efromovich, presidente do Grupo Synergy) precisaria aprovar novamente um empréstimo de mais de R$ 2 bilhões no Fundo de Marinha Mercante. A autorização para a operação financeira, renovada pela terceira vez, venceu justamente em setembro, poucos dias depois da concessão da licença.
Além de encarar o FMM, o Synergy ainda vai precisar convencer o governo de Alagoas a desapropriar a área de cerca de 220 hectares em Miaí de Cima, Coruripe, que implica – afora pendengas judiciais – num desembolso imediato de R$ 12 milhões. Téo Vilela já avisou que só desapropriaria se o Fundo aprovasse novamente o empréstimo, o que só deve ocorrer, se ocorrer, dentro de três ou quatro meses.
O mais grave, no entanto, é a crise no setor petrolífero, em função da operação Lava jato. A indústria naval no Brasil é lastreada, quase unicamente, nos recursos e encomendas da Petrobras. Com a crise na estatal, vários estaleiros estão parando no Brasil. Nesse cenário, financiar uma nova indústria beira o impossível.
“Falar em crise da Petrobras dentro de qualquer estaleiro nacional é como falar em corda em casa de enforcado”, resume o deputado federal João Caldas, SD, que trouxe o projeto do estaleiro para Alagoas: “infelizmente Alagoas perdeu essa oportunidade. Vários anos foram jogados fora, por falta de união dos nossos políticos”, reclama.
Esperança
Caldas diz que apesar do cenário desfavorável tudo pode mudar. “Essa crise pode ter um lado bom. Livre da corrupção, a Petrobras deve sair fortalecida. Vai levar um tempo, mas a estatal deve se recuperar e voltar a investir no setor naval. Além disso, o projeto do estaleiro de Alagoas é moderno e interessa a grandes grupos internacionais. É preciso que o projeto seja repensado, reavaliado. Será uma jornada dura, mas o caminho está aberto”, aponta.