Problema climático ameaça desempenho do PIB em 2014

Problema climático ameaça desempenho do PIB em 2014

Os problemas climáticos registrados nos meses de janeiro e fevereiro – forte seca no Centro-Sul e chuva excessiva em outras regiões do País – devem fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária fique abaixo dos 7% registrados em 2013. O mau desempenho da produção agrícola pode impactar negativamente o resultado do PIB nacional e alavancar a inflação.

“Analistas do setor estimam que já perdemos R$ 10 bilhões em receita em 2014”, diz presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira.

Produtores do Estado de São Paulo contabilizaram perdas de até 70% em culturas como milho, amendoim, laranja, café, cana-de-açúcar e tomate.

De acordo com o economista da Unesp, Carlos Cinquetti, retrações no agronegócio têm impacto direto e indireto: provocam a alta dos preços dos produtos para o consumidor e desestabilizam a balança comercial, com o desequilíbrio das exportações.

As atuais alterações climáticas têm sido provocadas por um ciclo que acontece a cada 30 anos e faz com que o verão e o inverno sejam mais rigorosos. “Com esse fenômeno temos uma diminuição dos volumes totais de chuvas no Brasil”, afirma o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos.

“Os produtores acreditam que estas secas são apenas situações atípicas e, por isso, não se preparam de maneira adequada, resultando em grandes prejuízos e elevação dos preços”, diz Santos.

O tomate – grande vilão da inflação no ano passado – volta a ser o alvo da alta dos preços. Segundo o produtor João Linzoni, de Ibitinga, as caixas da fruta passaram de R$ 40 para até R$ 90 desde janeiro. “Tenho duas estufas, em uma delas perdi 70% da produção. Neste tipo de cultivo, a partir de um metro, o sol seca a planta e não dá mais frutos”, diz.

Segundo o Indicador Esalq/BM&FBovespa, o preço do milho chegou a subir mais de 27% na região de Campinas em fevereiro. Apesar da melhora do clima, o Cepea estima que a segunda safra seja ainda menor, fator que pode afetar os suínos e aves, por exemplo, que têm o milho como ração.

O presidente do Sindicato Rural de Ibitinga e Tabatinga, e produtor de milho, Frauzo Ruiz Sanches, afirmou que os agricultores da região tiveram perdas jamais vistas nos últimos tempos. “Perdi mais de 50% da safra por falta de chuva na etapa de enchimento do grão. Tive que moer o que foi perdido e transformar em ração para o gado”, afirma.

O produtor de amendoim Diogo de Antonio, do município de Matão, teve o mesmo problema que Sanches e perdeu mais de 30% da produção. “Os grãos não atingiram peso suficiente para venda”, diz Antonio.

Para o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, os prejuízos no setor podem se estender até a safra do próximo ano, pois “a exposição excessiva ao sol causou queimaduras nas folhas e cascas dos frutos, fator que impede a fotossíntese e sobrevivência da planta”. “A indústria esperava 317 milhões de caixas este ano, mas, com a seca, provavelmente não serão entregues”, diz.

Segundo Viegas, se as chuvas voltarem com força ainda podem ocasionar o rachamento das árvores e perda da fruta por queda.

No setor sucroalcooleiro a colheita tem início apenas em abril, mas, para o presidente da comissão de Cana-de-Açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Enio Fernandes, haverá perdas de até 10% no Centro-Sul, com ênfase nas plantações entre São Paulo e Minas Gerais. “No Mato Grosso e na região central as perdas ficaram em torno de 5%. Já entre o Triângulo Mineiro e São Paulo chegaram a 10%”, afirma. Segundo Fernandes, como não houve a colheita, o prejuízo pode ser ainda maior. “O déficit hídrico também impactou no desenvolvimento da cana.”

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