Estiagem já aumenta preços de café, ovos e carne no campo

Estiagem já aumenta preços de café, ovos e carne no campo

Apesar de ainda não aparecerem nos índices de inflação, os preços de produtos agropecuários já estão subindo no campo por causa do clima quente e seco no país. Relatório divulgado ontem pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP aponta que itens como café, carne, Milho e ovos são alguns que já sofreram reajuste pela falta de chuva.

O preço do café do tipo arábica subiu 12,48% em fevereiro, enquanto o do boi gordo avançou 19%. O clima seco também tem diminuído o ritmo de plantio da segunda safra de milho em parte de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, e o preço da saca avançou 6,45% em fevereiro. O calor tem aumentado a mortalidade de galinhas, o que reduz a oferta de ovos e pressiona os preços, que subiram 10,9% no caso do tipo extra branco, informa o Cepea.

– As coletas de preços no atacado em janeiro e fevereiro ainda estão mostrando deflação, mas, com a falta de chuvas, pode haver reversão rápida da trajetória dos preços de alimentos – afirma o economista-chefe do ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal.

Açúcar também pode subir

Sua projeção é que a inflação de alimentos seja de 0,70% em fevereiro e em março, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que sugere desaceleração frente à alta de 0,84% do preço de alimentos em janeiro.

No atacado, as verduras já estão sofrendo com a estiagem. Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), que é o maior centro de abastecimento de hortifrutigranjeiros do país, alface, agrião e rúcula chegaram a subir até 60%. Em média, afirma Josmar Macedo, assistente executivo da Ceagesp, as verduras estão 30% mais caras do que em janeiro. Brocólis e couve-flor também foram afetados.

– A oferta de verduras caiu 17% frente a fevereiro do ano passado. Os produtores estão colhendo antes por causa da falta de chuva e isso diminui a oferta – diz Macedo.

O levantamento do Cepea constatou que os atacadistas chegaram a relatar perdas de até 40% das cargas de alface. O centro de estudos afirma ainda que, embora sem impacto no preço, o açúcar também pode ser afetado porque a seca limita o desenvolvimento dos canaviais.

Projeção de safra é reduzida

Por causa da falta de chuvas, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) decidiu rever para baixo sua estimativa de safra de grãos para este ano, de 196,67 milhões para 193,6 milhões de toneladas. O novo volume também é recorde e representa alta de 3,6% frente à safra passada (186,9 milhões de toneladas).

Segundo a Conab, a soja é o maior destaque, com um crescimento de 10,4%, ou 8,5 milhões de toneladas a mais que a safra anterior. O total a ser produzido será de 90 milhões nas contas da estatal, volume levemente abaixo da estimativa passada, de 90,33 milhões de toneladas.

Já o milho não teve um desempenho satisfatório, com reduções de 6,2% e 7,2% nas primeira e segunda safras. O produto perdeu terreno para a soja, que tem preços mais favoráveis no mercado internacional. O total projetado é de 75,47 milhões de toneladas, ante 78,97 milhões estimados em janeiro.

Apesar da queda na projeção, o presidente da Conab, Rubens Rodrigues, disse que a situação é extremamente positiva. O diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, João Marcelo Intini, disse ser recorrente a Estiagem nesta época do ano em algumas regiões produtoras.

– Há uma expectativa otimista também quanto à manutenção das exportações do setor – disse.

Os números coletados pelos técnicos no campo levaram a companhia a prever que o Brasil se tornará líder mundial na produção de soja, deixando para trás os Estados Unidos. Dados do governo americano indicam que a safra do produto naquele país ficará entre 89 milhões e 90 milhões de toneladas.

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