Fraudes no leite entregue à indústria e preços em alta marcaram o ano da pecuária leiteira

Fraudes no leite entregue à indústria e preços em alta marcaram o ano da pecuária leiteira

Em 2013, o leite virou caso de polícia mais uma vez. No Rio Grande do Sul, uma operação contra a adulteração de leite resultou em prisões em três cidades gaúchas e teve repercussões em todo país. Cinco empresas transportadoras misturavam água, ureia e outros produtos químicos no leite cru antes de chegarem na indústria. Mais de cem milhões de litros podem ter sido adulterados. As autoridades estão estudando a inclusão de novos mecanismos na análise do leite, que chega à indústria e mudanças no transporte.

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– Nós precisamos fazer com que a indústria tenha responsabilidade total pelo transporte. Portanto, é adequado que a gente avance na legislação, obrigando o produtor a expedir nota fiscal diretamente para os laticínios, diretamente para a indústria e, consequentemente, deixando de vender o leite para os intermediários – diz o secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio RS,Luiz Fernando Mainardi.

Preços em alta

No campo, o ano foi para comemorar. Os pecuaristas trabalharam com tranquilidade no caixa. Uma recuperação da renda que permitiu investimentos com cautela, crescimento da produtividade e melhor desempenho.

– Eu acho que estamos vivendo um momento ímpar, o próprio produtor de leite hoje está sendo beneficiado. Pela primeira vez, o leite saiu dos centavos estamos na casa do real, e veio pra ficar – analisa o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Duarte Vilela.

O preço bom para os produtores foi repassado para os consumidores. No atacado, o leite longa vida passou dos R$ 2,30. Mas a boa notícia é que não houve queda no consumo.

– O produtor de leite por muito tempo recebeu um preço muito baixo pelo seu produto e o mercado consumidor demonstrou que tem espaço para um preço superior a R$ 2 pelo litro de leite no atacado – aponta Vicente Nogueira Neto, coordenador da Câmara de Leite da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

Os especialistas consideraram o melhor ano na última década, com um ciclo de alta de maior duração que deu tranquilidade para os pecuaristas. O inesperado veio com o crescimento da produção, em volume histórico para o período, entre outubro e novembro, provocando os primeiros sinais de pressão sobre os preços. O aumento na captação de leite na maioria dos Estados e o enfraquecimento da demanda interna pressionaram o valor médio pago ao produtor pela primeira vez no ano.

– Desde que o Cepea levanta o índice de captação, o maior valor auferido foi agora no mês de outubro, o que leva de alguma forma ao arrefecimento do mercado, uma redução de preço no consumidor que vai chegar ao produtor de alguma forma – diz Nogueira Neto

A curva de queda nos preços pagos aos produtores no final do ano tende a estabilizar a partir de fevereiro de 2014. São as exportações do leite em pó que devem aliviar a pressão do excedente na produção.

Mercado internacional

As perspectivas para o ano que vem melhoraram bastante, graças ao bom momento do mercado internacional. O mercado internacional voltou a trabalhar com preços acima de US$ 5 mil a tonelada do leite em pó, o que não acontecia deste 2008. Uma boa notícia para iniciar 2014 com mais tranquilidade.

– O principal produto que o Brasil exporta em volume é o leite em pó e isso é importante porque o leite em pó é um produto que precisa de volume de leite. Então as vendas que começaram para fora do país neste final de ano tendem a tirar bastante do excedente de produção do mercado brasileiro. Eu acho que esta opção de exportação sempre é interessante e veio a calhar veio num momento propício para os produtores brasileiros – avalia Armindo Soares, gerente de Suprimento de Leite na empresa Itambé.

 

Rural Br

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Edivaldo Junior

Edivaldo Junior

Edivaldo Junior é jornalista, colunista da Gazeta de Alagoas e editor do caderno Gazeta Rural

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