Pego carona no leitor que assina, em comentário postado no Blog do Edivaldo Junior, como Carlos Ferro. Ele toca numa ferida, talvez a maior do serviço público estadual: as desigualdades salariais.
Um delegado de polícia ganha de seis a oito vezes mais que um policial civil em começo de carreira. Não é muito diferente da comparação entre o salário de um coronel e um solado da PM. Um começa ganhando R$ 2,8 mil, o outro ganha mais de R$ 16 mil em começo de carreira.
Recortes quase aleatórios feitos pelo blog na folha de salário do Estado de março de 2015 mostram, no entanto, que o problema é maior.
As diferenças salariais criam um abismo cada vez mais profundo entre servidores do estado. Servidores com mesmo nível (superior) e as vezes com a mesma profissão ganham até seis vezes mais que o ‘colegas’ apenas porque estão em órgãos diferentes.
A concessão de reajustes salariais lineares anuais só agrava as distorções e diferenças. Um servidor que ganha R$ 1 mi, terá R$ 50 reais de reajuste pela atual proposta do governo (5%). Já o servidor que ganha R$ 20 mil terá um reajuste de R$ 1 mil. E a diferença vai aumentar ainda mais.
Categorias mais influentes ou com maior poder de pressão conseguem remuneração média de 20 a 30 salários mínimos mensais. É o caso de delegados, coronéis, fiscais de tributo e especialmente procuradores.
Enquanto isso, merendeiras, datilógrafos, motoristas e auxiliares administrativos amargam vencimentos que mal passam de um salário mínimo.
O “abismo” divide muitas vezes profissionais da mesma categoria. Na Saúde, médicos ganham entre R$ 4 mil e R$ 10 mil, em média. Odontológos recebem ganham de R$ 2,5 mil a R$ 5 mil, enquanto, os salários de professores podem variar de R$ 1,4 até mais de R$ 4 mil.
Um advogado ganha R$ 2,8 mil na Carhp e mais de R$ 11 mil na Uncisal. Dá para explicar isso?
Não é diferente do engenheiro que ganha R$ 2,5 mil no antigo Ipaseal enquanto seu colega ganha mais R$ 12 mil no Serveal, fazendo a mesma coisa.
Não fosse uma utopia para o atual momento político em que vive o país, o que o leitor sugere seria o ideal: dar um aumento maior para quem ganha menos. Do ponto de vista da justiça social, nada mais correto, nada mais jutos. Mas quem ganha mais, quer mais e mais e mais e mais. Não lhe faltam argumentos para justificar os altos salários.
Quero ver é um servidor que ganha seus R$ 30 mil livres por mês explicar porque outro servidor tem que ganhar 30 vezes menos que ele.
Excluídos
Nessa discussão entre governo e servidores públicos está faltando a participação do cidadão, da sociedade civil organizada.
Alguém precisa lembrar que quem paga a conta, no final, é o contribuinte. É preciso que ao discutir a remuneração dos serviços, que deve ser justa, o estado também cumpra com o dever de dar a contrapartida aos cidadãos, de forma efetiva.
O desabado do leitor
Veja o que diz o leitor Carlos Ferro:
Caro Edivaldo!
Será que Renan conseguirá ser pior que Téo Vilela?Dê o ipca aos servidores que estão com os salários altamente defasados.Se fosse um governo sério congelaria os altos salários(acima de 20 salários mínimos) e daria reajustes acima da inflação para os que ganham menos. Com isso diminuiria a grande desigualdade salarial que existe em nosso estado. Os servidores da saúde por exemplo com nível superior 20 horas recebe R$:1.500,00 é justo isso?É melhor vender banana no mercado.
Veja os exemplos
Na tabela, alguns recortes de salários dos servidores públicos do mês de março. Você também pode montar a sua tabela.
No Portal da Transparência dá para ver quanto ganha cada servidor do estado. É só pesquisar.
http://transparencia.al.gov.br/pessoal/servidores-ativos/base-de-dados/2015/marco-2015/view