Com tradição de mais cinco séculos no cultivo de cana-de-açúcar, Alagoas tornou-se referência mundial na produção de açúcar e de álcool.

http://edivaldojunior.com.br/wp-content/uploads/2023/03/etanol-milho-klecio2.jpghttp://edivaldojunior.com.br/wp-content/uploads/2023/03/etanol-milho-klecio2.jpgCom tradição de mais cinco séculos no cultivo de cana-de-açúcar, Alagoas tornou-se referência mundial na produção de açúcar e de álcool.

O açúcar alagoano é exportado para os cinco continentes e é considerado de excelente qualidade.

O estado abastece, através de suas destilarias, não só os tanques dos automóveis, mas também fornece álcool para as indústrias de alimentos e de bebidas. Além da cachaça e do aguardente, é comum encontrar o álcool produzido em Alagoas em boas marcas de vodca.

O que poucos sabem é que ó Estado foi um dos pioneiros, no mundo, na produção de etanol como combustível. “Na década de 1930, Carlos Benigno Lyra, dono da usina Serra Grande (fundada em 1894), a qual estava em poder de seu filho Salvador Lyra, possibilitou que o país conhecesse a moderna tecnologia do aproveitamento do álcool como combustível e patenteou-a como USGA, as iniciais do nome de sua própria usina”, registra histórico do setor que pode ser acessado na página do Sindaçúcar-AL (veja aqui)

Alagoas também liderou, especialmente no Nordeste, a implantação do ProÁlcool, a partir dos anos 70, um programa que transformou o Brasil em exemplo de geração de energias renováveis para o mundo.

Hoje, o etanol segue como um dos mais importantes combustíveis do planeta e passou a ser produzido em vários outros países, a exemplo dos Estados Unidos.

E se o Brasil inspirou os americanos a produzir álcool de milho, agora os brasileiros inovam ao transformar várias de suas destilarias em usinas flex.

A produção de etanol de milho, já presente em indústrias do Centro Oeste ou Sudeste do Brasil, acaba de chegar ao Nordeste.

Alagoas colocou em operação, na última semana, a sua primeira indústria com capacidade de processar ao mesmo tempo etanol de cana e de milho. É o começo de uma nova história para o setor sucroenergético alagoano.

A usina da Cooperativa Pindorama passou a operar, de forma experimental a primeira destilaria de etanol de milho do Norte e Nordeste do país  no dia 15 de fevereiro deste ano.

Nessa segunda-feira (27/02) o presidente da cooperativa, Klécio Santos, avisou: “deu certo”. Tudo está funcionando como planejado. “Estamos produzindo uma média de 75 mil a 80 mil litros de etanol de milho por dia. O projeto é um sucesso”, aponta.

O rendimento também é considerado acima das expectativas. “Estamos conseguindo produzir cerca de 415 litros de etanol a cada tonelada de milho. Além disso temos um produção superior a 500 kg de WDG”, aponta Klécio Santos.

A nova atividade na usina, de acordo com o presidente da cooperativa, vai possibilitar o fortalecimento da avicultura, suinocultura e pecuária de leite em Alagoas. “O WDG é uma excelente fonte de proteína. Hoje alguns criadores compram esse produto em outras regiões do Brasil, com um alto custo de frete. Teremos a oferta desse produto, a partir de agora, com custo menor e um valor de logística reduzido”, aponta.

A nova destilaria de milho, adianta o presidente da cooperativa, deve funcionar durante todo o ano, diferente da produção tradicional de etanol que opera entre seis e sete meses durante a safra de cana. “Devemos ampliar nossa produção anual de etanol de 50 milhões para 95 milhões de litros por ano, o que vai tornar a Pindorama na maior produtora de etanol do Norte e Nordeste”, afirma Santos.

Silo de milho em fase de operação na usina Cooperativa Pindorama (Foto: Blog do Edivaldo Junior)

Fazendo história

A Usina Pindorama, localizada no município de Coruripe, litoral Sul de Alagoas, refaz sua história no setor sucroalcooleiro. A cooperativa, que já produz etanol de cana, começou a produzir etanol de milho a partir de 15 de fevereiro, tornando-se a primeira usina Flex do Norte-Nordeste do Brasil. Utilizando toda a estrutura de equipamentos, maquinário e suporte técnico e energético já existente na planta, a produção de etanol de milho foi viabilizada a um custo menor do que se a usina fosse autônoma.

Segundo Klécio Santos, a estrutura de balança, laboratório, caldeiras, energia e gestão foi fundamental para alcançar a viabilidade do projeto em Alagoas. “Isso tem um peso enorme, se não fossemos fazer do jeito que estamos fazendo, com custos mais baixos, o projeto não seria viável. Isso nos dá a certeza e segurança de que o projeto nasceu e foi pensado com viabilidade fantástica”, explicou.

Para viabilizar a produção de etanol de milho, a usina Pindorama ampliou a capacidade de geração de vapor, o que levou três anos de investimento e montagem de uma nova caldeira. A usina ainda está construindo quatro novos silos com capacidade de 50 mil sacos de milho cada um, além de um elevador para transporte do grão, para armazenar a produção e a matéria-prima. Com isso, a usina terá entre 30 e 40 dias de moagem em pleno funcionamento.

A produção de etanol de milho passará por cinco etapas, incluindo uma pré-limpeza antes de ir para o silo, trituração e um tratamento químico chamado liquefação para preparar o caldo que vai para a fermentação. Além da produção de etanol, a cooperativa está construindo uma fábrica de flocão de milho ao lado da destilaria para aumentar o portfólio de produtos. A cooperativa espera que o projeto tenha um “payback” rápido e se pague dentro de um ano.

Klécio Santos, presidente da Cooperativa Pindorama (Foto: Blog do Edivaldo Junior)

 

Klécio Santos, ostra onde foram montadas as novas colunas de etanol de milho na destilaria da Cooperativa Pindorama, (Foto: Blog do Edivaldo Junior)

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Edivaldo Junior é jornalista, colunista da Gazeta de Alagoas e editor do caderno Gazeta Rural

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