Novembro Azul: AL deve ter mais de 600 novos casos de câncer de próstata em 2018

http://edivaldojunior.com.br/wp-content/uploads/2018/11/201811011147_6d72f261a2.jpgNovembro Azul: AL deve ter mais de 600 novos casos de câncer de próstata em 2018

O câncer de próstata é o segundo que mais mata homens no Brasil, ficando atrás somente do câncer de pulmão. Uma estimativa do Instituto Nacional de Câncer aponta que 68.220 casos devem ocorrer no Brasil. Em Alagoas, o órgão prevê 633 novos casos até o fim deste ano. Por isso, é muito importante realizar exames periodicamente. Teve início na última quinta-feira (1º) a campanha nacional do Novembro Azul, que visa conscientizar a população masculina a respeito da doença, a importância da prevenção e o diagnóstico precoce.

O preconceito do homem em procurar um médico e realizar exames de rotina, como o chamado “toque retal” ainda é muito alto e a campanha tem como objetivo quebrar esse paradigma e alertar para a necessidade da prevenção, pois o diagnóstico precoce aumentam as chances de sobrevida do paciente.

De acordo com o Dr. André Luiz Pereira Guimarães, oncologista Clínico do Hospital Cliom, é preciso fazer a prevenção anualmente, de acordo com os indicados pelas diretrizes da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Ele disse que o preconceito ainda é algo que precisa ser amplamente discutido e a campanha tem ajudado nesse sentido. As dúvidas são grandes e o medo também.

“A campanha Novembro Azul é de máxima importância, pois iremos quebrando tabus e paradigmas e, ainda, conscientizando a população. Morrer de câncer não é destino, é descuido”!

Ele considera alta a estimativa de câncer de próstata para o estado, mas também para outros tipo de câncer. “Hoje, em cada 90 pessoas irá ter algum tipo de câncer”. Ainda segundo o médico, ainda é grande a dificuldade ao acesso dos pacientes aos Centros de Oncologia, e também porque ainda existe um certo preconceito sobre o ” toque retal”. Isso, muita vezes, torna o tratamento mais tardio.

Todo homem, a partir de 50 anos, precisa fazer anualmente os exames preventivos para o Câncer de Próstata (o PSA sanguíneo e o toque retal). O PSA tem como principais funções verificar a presença de um câncer de próstata e o andamento da doença, mas também é um marcador comum para outras doenças da próstata.

“A partir dos 50 anos o homem já deve realizar exames, mas se há histórico na família, um parente de primeiro grau( pai, irmão) ou 2 de segundo grau ( primos, tios), tiveram ou são portadores de Câncer de Próstata, ou ainda se o indivíduo é portador da mutação do gene BRCA1/ BRCA2, é preciso começar a se preocupar mais cedo. Não existe limite superior para idade, mas a idade mínima, já pode começar aos 50 anos, por isso a prevenção a partir dessa data já é regra”, reforça o oncologista.

Em Alagoas, na esfera do SUS o tratamento pode ser feito na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, e por meio de convênios ou particular, o Hospital Cliom é equipado com os melhores especialistas da área de Urologia, Oncologia e Radioterapia.

Alguns fatores de risco podem aumentar o risco da pessoa desenvolver o câncer de próstata como a idade, histórico familiar, algumas alterações genéticas hereditárias, como por exemplo, mutações dos genes BRCA-1 ou BRCA-2 – que podem aumentar o risco de próstata em alguns homens -, tabagismo, obesidade, inflamação da próstata e etc.

Diagnóstico precoce

A descoberta do câncer de próstata no estágio inicial aumentou as chances de cura de Mauro Orlando, de 59 anos. Ele conta que aos 50 anos, um exame de rotina apresentou alteração no PSA e logo começou todo acompanhamento médico. Segundo Mauro, a doença não apresentou sintomas, o que poderia ter se tornado um problema ainda maior.

“Foi muito importante ter descoberto no início. Os exames de PSA que eu fui fazendo deram alterado e na biópsia das amostras, metade das lâminas deram para o tipo maligno, foi quando me deram as opções de tratamento com quimioterapia e radioterapia e tentar ver se sanava ou fazer a prostatectomia radical e eu decidi fazer a cirurgia”.

Depois do procedimento, Mauro precisou passar por mais 34 sessões de radioterapia e durante dois anos fez controle hormonal para baixar a testosterona. Hoje, ele segue com acompanhamento trimestral com a realização de exames e controle da doença.

Para Mauro, a maior dificuldade foi trabalhar a mente e o medo da depressão. Ele chegou a ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, não conseguiu seguir com o tratamento proposto pelos psicólogos e psiquiatras.

“É uma depressão que se instala, são consequências mentais que mexem com a gente, as coisas da vida, muitas vezes, já não fazem mais sentido”.

Segundo o psicólogo clínico Carlos Gonçalves, o preconceito vem de uma questão cultural, de que o homem foi criado para não chorar e tem que ser forte. Dentro desse diagnóstico, a primeira coisa que afeta é a masculinidade e vários medos, entres ele a impotência. O oncologista explica que o procedimento pode ocasionar a impotência se, durante o procedimento, houver alguma lesão do nervo. Os riscos variam entre 30 e 100% e dependem da idade, do estágio do câncer de próstata, do tamanho do tumor e também de como estava a função erétil antes da cirurgia.
“Nós temos crenças e você vai revisitar essa crença de identidade, de que o órgão sexual é um órgão que pensa, então vem uma série de crenças destruidoras com pensamentos agressores que só vai deixar a pessoa no caminho da depressão que a grande maioria envereda, porque não consegue enxergar possibilidades de recuperação após a cirurgia. Eles temem a morte, a impotência e é como se a vida perdesse totalmente o sentido”.

Ele explica ainda que, antes da depressão, existe outro processo importante de ansiedade que o paciente sente quando fica sabendo da existência da doença.

“Ao descobrir o diagnóstico de câncer, ele já desencadeia uma certa ansiedade com pensamentos negativos. Ele não consegue vislumbrar uma coisa real, porque naquele momento não tem nada concreto, a não ser o diagnóstico. Mas onde tem dizendo que ele vai morrer, que vai ficar impotente? Ele vai mergulhar nesse viés e só olha pelo lado destruidor, mas nem todo mundo é igual, alguns conseguem encarar numa boa todo o processo”.

Por isso, é dado ao paciente todo um acompanhamento multidisciplinar com psicólogos oncológicos ou oncopsicologa e também a nutricionista em oncologia. A ajuda psicológica tenta resgatar a autoestima do paciente, propondo alternativas para que o paciente consiga se restabelecer.

“Na maioria das vezes a gente tenta resgatar a autoestima do paciente que nesse momento vai está muito abalada. Ele não sente mais prazer em sair, em ficar em família, então é tentar resgatar dele tudo isso. Explicar que ele precisa continuar a vida e propor alternativas como acupuntura, ioga que trabalha a respiração, porque nesse processo de ansiedade a respiração tem que ser restabelecida”.

O apoio da família é de extrema importância para que o paciente que passou ou está passando pelo processo consiga seguir não só com o tratamento, mas para que ele possa seguir com as atividades normais do dia a dia.

“A família é primordial no tratamento, é nesse momento que ela tem que estar junto para levar a autoestima, para ajudar nesse momento difícil. Não adianta chorar, se lamentar, na psicologia é o que a gente chama de reforço negativo. Juntar a terapia e a família são os ingredientes necessários para que ele possa ter uma recuperação melhor e passar por esse processo de maneira tão sofredora”, reforça o psicólogo.

Campanha Novembro Azul

A partir deste mês de novembro diversas ações serão promovidas pela Secretaria Municipal de Saúde de Maceió. O intuito será intensificar os atendimentos nas unidades de referência, nos ambulatórios de urologia nos distritos sanitários e ainda um dia D com atividades de atendimento com urologistas e clínicos.

“Primeiramente vamos garantir o acesso a consulta, quer seja básica ou com especialista e também com exames e dosagem de PSA e a ultrassonografia da próstata com o objetivo de prevenir ou fazer o diagnóstico precoce do câncer de próstata”, explica o doutor Francisco Lins, diretor da atenção à saúde da SMS.


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