Em menos de 30 dias a contar de hoje a distribuição do programa do leite pode ser suspensa em Alagoas por falta de recursos. O alerta, feito pelas cooperativas que operam o programa no Estado (Coopaz, Pindorama, CPLA, Cafisa e Aagra), é confirmado pela Secretaria de Agricultura do Estado.
O secretário Antônio Santiago confirma que houve um corte nos recursos previstos para o pagamento aos mais de 3 mil agricultores familiares que fornecem do leite distribuído no estado. Com os recursos federais disponíveis, o pagamento com recursos federais só estaria assegurado até a primeira quinzena de julho.
A liberação da contrapartida do Estado, que pode ser confirmada nos próximos dias, asseguraria o pagamento da segunda quinzena de julho, possibilitando a distribuição do leite até 1o de julho.
Atualmente, o programa garante a distribuição de mais de 50 mil litros de leite por dia, beneficiando cerca de 80 mil famílias (a distribuição é feita na base de 4 litros por semana para cada beneficiário) nos 102 municípios de Alagoas.
Pela estimativa dos gestores da Seagri e dirigentes de cooperativas que fornecem o leite distribuído com as famílias, se o governo federal mantiver o corte de recursos e o Estado não encontrar outras alternativas, o programa será de fato suspenso.
A maior preocupação das cooperativas agora é com o prazo. Em função das eleições, a aprovação de recursos extras para o programa – solução já adotada pelo governo do estado em momentos de crise no programa – precisaria ser aprovado no Fecoep antes de 7 de julho.
A informação que circula entre os produtores foi confirmada pelo secretário de Agricultura do Estado. De acordo com Antônio Santiago, o governo federal reduziu a previsão de repasses para manutenção do programa de R$ 30 milhões para R$ 10 milhões, sendo R$ 5 milhões para 2018 e outros R$ 5 milhões para 2019.
“Fomos comunicados pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que em função de cortes no Orçamento da União, o programa em Alagoas seria afetado com o corte de recursos”, aponta.
Preocupado com a informação, o presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), Aldemar Monteiro, promete mobilizar produtores e as outras cooperativas que abastecem o programa do leite em Alagoas (Coopaz, Pindorama, Cafisa e Agra) para tentar sensibilizar o governador Renan Filho e a bancada federal do estado.
“Iremos a Brasília para tentar evitar o corte no programa. Mas também vamos apelar para a sensibilidade do governador Renan Filho. Nos últimos anos, sempre que houve redução de verbas federais, o governo do estado assegurou a manutenção da distribuição de leite aumentando, ainda que durante um período curto, a contrapartida do Estado”, afirma Aldemar Monteiro.
O presidente da CPLA lembra que deputados federais e senadores de Alagoas tem ajudado na interlocução com o MDS. “Mais uma vez esperamos contar com a força da nossa bancada federal, que é muito influente em Brasília. Do contrário, Alagoas pode perder um programa que tem apresentado grandes resultados tanto na cidade quanto no campo”, pondera.
Programa do leite
Em Alagoas o programa do leite tem duas faces. No campo, assegura a inclusão produtiva de mais de 3 mil agricultores familiares. Na cidade, a distribuição diária de 50 mil litros de leite atende 80 mil famílias (cada uma recebe 4 litros por semana).
O leite chega para famílias que estão sob risco nutricional, atendendo principalmente lares onde tem crianças, gestantes e nutrizes.
Por conta de cortes no orçamento federal, o programa do leite já foi reduzido em Alagoas, no ano passado, de 80 mil para 50 mil litros por dia.
Agora, a situação é mais grave. O valor anunciado pelo MDS só dá para manter o programa por mais dois meses, no máximo. Depois disso, o corte poderá ser total.