Trabalho na horta do sistema prisional muda vida de reeducandos

Trabalho na horta do sistema prisional muda vida de reeducandos

Os primeiros raios de sol trazem mais que um novo dia para os reeducandos que trabalham na horta do sistema prisional: trazem esperança e a possibilidade de plantar um futuro melhor. Cada semente que floresce, transformando-se em alimento, nutri o desejo de liberdade, que se torna cada vez mais palpável através da remissão de pena pelo trabalho.

João Carlos Ferreira Lessa tem 38 anos e há três está preso. Assim como muitos, a privação da liberdade lhe pareceu o fim, porém, encontrou no trabalho com a terra uma forma de se redescobrir. “Quando vim trabalhar pela primeira vez na horta, achei que estivesse em liberdade. É o lugar mais bonito que já vi no sistema prisional”, disse.

Assim como João Lessa, outros 29 reeducandos têm a oportunidade de trabalhar no plantio dos 70 mil metros quadrados de território da horta, produzindo alimentos livres de defensivos agrícolas para os servidores e a população carcerária.

O reeducando conta que assim que soube do projeto desenvolvido pela Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social, interessou-se imediatamente pelo serviço. “Pedi para trabalhar na horta, é um trabalho bonito, tranquilo, é um aprendizado diário. Através deste trabalho, estou aprendendo a lidar com o cárcere de uma forma diferente, com mais suavidade. Essa é a magia de lidar com a terra, ela não nos dá o sentimento de estar realmente preso, é uma redescoberta diária de nós mesmos”, afirmou Lessa.

Além do trabalho, o reeducando tem aproveitado outras oportunidades. “Aqui estou cursando uma graduação à distância. Apesar de ter tido oportunidades lá fora, desisti pela falta de tempo. A gente sempre acha que não tem tempo para as coisas importantes, mas aqui temos tempo para refletir e definir quem queremos ser quando sairmos. Quando se foca no que se quer, podemos conseguir”, falou.

Ainda segundo Lessa, quem está de fora não pode ter noção da grandiosidade que é o trabalho com a terra. “O plantio, a colheita, tudo é satisfatório. Quando vemos aquele plantio que foi feito há meses através, bem preparado, bem irrigado, bem tratado, dar frutos, nos enche de orgulho, pois sabemos que é fruto do nosso trabalho. Por mais simples que possa parecer, para nós que estamos aqui é muito importante. Aos poucos vamos valorizando essas pequenas coisas, que muitas vezes desprezamos lá fora”, contou.

Produção em números

Com a dedicação diária, a produção de alimentos no sistema prisional cresce a cada ano. Em 2016 foram produzidas 43 toneladas de mantimentos agrícolas, 13 a mais que o ano anterior. Para o Estado, a economia também é sentida, já que todos os mantimentos produzidos são encaminhados para o setor de aprovisionamento do sistema prisional, e posteriormente distribuídos entre as unidades do sistema que possuem cozinha em suas dependências.

Transformação

Além de servir como atividade terapêutica, tirando os reeducandos da ociosidade, fortalecendo a política de ressocialização e promovendo a reintegração dos internos, o trabalho com a terra traz outros benefícios para os custodiados, como a remição da pena, a garantia de uma fonte de renda e a profissionalização do interno, preparando para o mercado de trabalho após o cumprimento da pena.


Agência Alagoas

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Redação

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