Repito aqui o que costumo dizer a alguns amigos: o jogo só acaba quando termina. No futebol, jogos importantes e até campeonatos são decididos no último minuto da prorrogação.
O impeachment da presidente Dilma Rousseff vive seus momentos finais, mas ainda não foi consolidado, podendo ser decidido aos 46 minutos do segundo tempo.
A ação (tempestiva ou intempestiva, de acordo com o interesse e a visão de cada um) de Waldir Maranhão, presidente interino da Câmara Federal, que anulou a votação do dia 17, em razão de vícios, deixou o presidente do Senado, Renan Calheiros, numa saia justa.
Ao decidir prosseguir com o processo, Renan Calheiros saiu da zona de conforto e embarcou na crise como um capitão de navio em meio a uma tempestade.
Com sua decisão, o presidente do Senado será alvo inevitável dos partidos de esquerdas e dos movimentos sociais, que dão sustentação ao governo. O fora Cunha, vai virar fora Renan. Tudo que ele não queria e não precisava.
E não é só. Renan Calheiros já começa a ser acusado de agir em interesse próprio. Isso porque, com o afastamento de Cunha, ele é o primeiro na linha de sucessão de um eventual governo de Michel Temer. Mesmo sabendo que o argumento não é tão forte – até porque a Câmara Federal deve resolver seu imbróglio interno, elegendo um novo presidente, que passaria a ser o primeiro na linha de sucessão – ele será usado por setores ligados ao governo.
A “suspeita” está no destaque do Brasil 247, site de notícias alinhado com o governo:
“A decisão monocrática de Renan Calheiros de desconhecer a decisão do presidente da Câmara de anular o ritual do impeachment, atendendo a pedido do advogado-geral da União que fora engavetado pelo presidente da Câmara afastado e até mesmo de desqualificá-la, chamando-a de brincadeira, além de criar uma grave crise institucional não pode ser levada a sério porque ele é suspeito”, diz o colunista Alex Solnik; “Desde que Cunha foi afastado, Renan assumiu seu lugar na sucessão presidencial, e é, portanto, o maior interessado no prosseguimento e no bom sucesso do impeachment”
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EJ
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