Depois de enfrentar o processo de falência de suas empresas, o ex-deputado João Lyra, 84 anos, pode sofrer interdição judicial. O pedido, classificado como Tutela e Curatela, foi apresentado no final de setembro e distribuído, no dia 14 de agosto, para a 24ª Cível da Capital.
O pedido de interdição, que segue em segredo de Justiça, foi apresentado pela filha do empresário, Maria de Lourdes Pereira de Lyra e subscrito pelos seus outros filhos ( Ricardo, Thereza Collor, Guilherme e Maria Cristina de Lyra). O advogado é José Roberto Pacheco Di Francesco.
Na petição, os filhos alegam questionam atos de João Lyra em que beneficiam Carmosina Melo Pereira, sua ex-mulher, dilapidação do patrimônio e doações extravagantes que poderiam colocar em risco a própria subsistência do empresário.
De acordo com informações do Jornal Extra Alagoas, na petição os filhos revelam que em 2013 João fez doação de R$ 1,7 milhão a Carmosina, quando já estavam separados. Ela também foi beneficiada com a posse de 14 salas do Norcon Empresarial, além da doação de um apartamento no Edifício Saint Moritz.
Ainda segundo o jornal, a doação de cerca R$ 200 mil feita a ex-então funcionário da Laginha Agro Industrial também está no rol de “extravagâncias” apontadas pelos filhos.
“Outro ato evidencia o comprometimento da capacidade de João Lyra de administrar seu patrimônio: no ano de 2013, o interditando deu em dação em pagamento seu imóvel residencial, que se tratava de bem de família e, portanto, impenhorável, à empresa Agrofield Centro Oeste Comércio de Produtos Agrícolas Ltda. para quitação de dívida contraída por empresas da qual ele é sócio”, afirmam em outro trecho da petição de interdição.
Segundo os filhos, João Lyra vem apresentando sinais de senilidade, perda de memória e repetição de falas além de, mesmo sendo portador de diabetes, se recusar a realizar exames. E citam ainda, para “ilustrar” o temperamento do empresário, o episódio ocorrido em 2014, no escritório da Massa Falida da Laginha (na antiga sede do Grupo JL), quando ele tentou intimidar o administrador judicial tendo afirmado: “Este processo aqui vai virar criminal”, conduta lhe valeu a proibição de entrar em qualquer estabelecimento da empresa falida e o pagamento de multa por ato atentatório ao exercício da jurisdição.
Esta é a segunda ação de interdição que os filhos movem contra João Lyra. Na primeira tentativa não houve êxito porque que o empresário ainda era deputado federal e tinha imunidade parlamentar.