Corte de compras do governo afeta mercado editorial, constata pesquisa

Corte de compras do governo afeta mercado editorial, constata pesquisa

A diminuição nas compras de livros pelos governos afetou diretamente o mercado editorial do país em 2014. Descontada a inflação, o setor registrou queda no faturamento de 5% no ano, refletindo uma redução de 21% nas vendas para a administração pública. Os dados são da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, divulgada ontem (3), no Rio de Janeiro, pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).

De acordo com o levantamento, o governo federal, o maior comprador individual de livros no país, adquiriu 18% a menos ano passado, saindo de 190 milhões de exemplares, em 2013, para 155 milhões em 2014. O maior corte nas compras foi detectado no Pacto Nacional pela Educação na Idade Certa (Pnaic) e no Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação, com queda de 53% e 31%, respectivamente.

As prefeituras também reduziram as compras em 71%, passando de 10 milhões de livros para 2,9 milhões. Somado à redução das compras do governo federal o impacto foi de 16% no faturamento do mercado entre um ano e outro, revela a pesquisa, elaborada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo. Ao todo, o setor faturou R$ 5,4 bilhões em 2014, menos de 1% acima do resultado de 2013.

Para o presidente do Snel, Luís Antonio Torelli, o setor quase nada pode fazer para amenizar as perdas com a redução das compras do setor público. Torelli lembrou que o volume de compras está relacionado às políticas públicas de governo. A mesma opinião tem o presidente da CBL, Marcos da Veiga Pereira. “O único programa que é lei é o Programa Nacional do Livro Didático. Os outros, não. Ou seja, se o governo não quiser comprar para o programa das bibliotecas, ele não compra”, disse.

Marcos da Veiga destacou que muitas editoras, que se organizaram para atender os governos, sofrem os impactos nos cortes dos programas. “São editoras menores que contratam, autores, profissionais e perdem a capacidade de escoar os produtos”, completou.

Apesar disso, o setor avalia que há possibilidade de crescimento no médio prazo, com mudanças na economia do país. “Minha esperança é ter notícias [boas] para voltar a ter crescimento. O setor sente bem rápido [a retomada da economia]”, disse Marcos da Veiga. Uma das apostas dele, por exemplo, é o crescimento do números de livrarias no interior.

Procurado pela reportagem da Agência Brasil, o Ministério da Educação não se pronunciou sobre o assunto.


Fonte: Agência Brasil

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Redação

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