Para enfatizar crise, usinas vão reduzir salários de trabalhadores

Para enfatizar crise, usinas vão reduzir salários de trabalhadores

“Um remédio amargo, mas necessário”. É assim que o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas, Pedro Robério Nogueira traduz a proposta apresentada, ontem aos trabalhadores do setor: a redução da jornada de trabalho e de salários.

“Não temos outra saída. As empresas não conseguem acessar crédito em bancos públicos, nem em bancos privados. No momento também não temos previsão de receber a subvenção e nem uma outra ajuda do governo. A redução de salários é a única solução que encontramos para atravessar a entressafra de cana em Alagoas, mantendo as indústrias funcionando minimamente e preservando ao máximo os postos de trabalho”, aponta.

O setor sucroenergético gera mais de 90 mil empregos diretos durante a safra de cana – que normalmente vai de setembro a março (este ano se prolongou mais em algumas unidades por conta da desativação de algumas unidades) – e metade dos empregos na entressafra. O objetivo, avisa o presidente do Sindaçúcar-AL é manter o nível de emprego das safras anteriores, o só será viável, diante da crise financeira enfrentada pelas indústrias, com a redução dos salários.

“A legislação permite a redução temporária dos salários dos trabalhadores em até 25%. Apresentamos a proposta de suprimir o trabalho no sábado e na segunda-feira ao Sindicato dos Trabalhadores na Indústria e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura em Alagoas. Também estamos propondo o parcelamento das rescisões em até quatro vezes”, explica Pedro Robério Nogueira.

Nesta segunda-feira, o Sindaçúcar-AL fechou negociação com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria: “chegamos a um acordo que reduz a carga horária em 20%”, adianta Nogueira. A negociação com a Fetag/AL deve ser fechada nesta terça-feira, 28.

Trabalhadores rurais também devem reduzir jornada de trabalho

Os trabalhadores rurais não concordaram com os 20%, mas vão apresentar contraproposta de redução da carga horária em 20%, segundo texto da assessoria de imprensa da Fetag/AL. Veja o que diz a Fetag:

Dirigentes dos 46 Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) da zona canavieira de Alagoas decidiram recusar a proposta apresentada pelas usinas que pedia o parcelamento das rescisões trabalhistas.

“Parcelamento de rescisão é um assunto muito delicado. A proposta é para começar a pagar em 30 dias e só concluir em 30 de setembro. O pleito foi reprovado, por unanimidade, pelos dirigentes sindicais”, declarou o secretário de Assalariados da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Alagoas (Fetag-AL), Cícero Domingos.

As lideranças sindicais, reunidas em assembleia realizada na manhã desta segunda-feira, 27, no centro social da entidade, localizada no bairro de Mangabeiras, debateram apenas a segunda proposta apresentada pelas usinas que pedia a redução da carga horária e de salários para os trabalhadores que não forem demitidos na entressafra.

“A classe patronal pedia 25% de redução de salário e menos dois dias trabalhados. Nós vamos apresentar uma contraproposta de 20%. Se eles aceitarem, vamos levar para análise do Ministério Público do Trabalho (MPT). Caso seja considerada legal, vamos encaminhar a proposta para votação em assembleias que serão realizadas nos municípios canavieiros”, declarou Domingos.

Segundo ele, o debate sobre a redução da carga horária foi aceito desde que não afete as férias e o décimo terceiro dos trabalhadores. “Muitas usinas já pararam e as últimas encerram agora em abril. Precisamos ter uma posição definida até maio”, finalizou.

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Redação

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