A temperatura entre o presidente do Senado e a presidente Dilma Rousseff continua alta. Nem mesmo a interlocução do vice-presidente Michel Temer, que assumiu a coordenação política do governo, parece ter ajudado.
Apesar do clima tenso, a presidente decidiu nomear Henrique Eduardo Alves para o Ministério do Turismo, cargo hoje ocupado por Vinicius Lages, apadrinhado de Renan Calheiros. A mudança no ministério se arrasta há algumas dias.
Na quinta-feira, 2, ás vésperas da sexta-feira da paixão, Lages recebeu, ao chegar em Recife, um telefonema do Palácio do Planalto avisando sobre sua demissão. Dilma Rousseff no entanto teria recuando e pedido que Henrique Alves se entendesse com Renan Calheiros.
Nessa terça-feira, 15, a presidente teria decidido pela troca, depois de conversar com Temer. Renan Calheiros não gostou e deixou evidente, nas entrelinhas, que vai cobrar a “fatura” depois.
O imbróglio em torno da nomeação de Alves está nas principais colunas do país. Veja o que diz Gerson Camaroti, doG1:
“A presidente Dilma Rousseff fechou no final da tarde desta terça-feira (14) com o vice-presidente Michel Temer a nomeação do ex-presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), para o Ministério do Turismo…
Na conversa que teve com Dilma nesta terça, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não fez qualquer pedido para acomodar em outro posto o atual ministro do Turismo, Vinicius Lage, que é afilhado político do presidente do Senado.
A coluna Radar, de Veja, assinada por Lauro Jardim, também tratou do tema, hoje:
“Renan: a conta vem mais na frente.
Na negociação para tentar convencer Renan Calheiros a topar a ida de Henrique Alves para o Ministério do Turismo, Pepe Vargas vinha oferecendo diversas estatais ou diretorias de bancos públicos para abrigar Vinícius Lages. Michel Temer repetiu as ofertas. Foram oferecidos a Codevasf, a Infraero ou uma diretoria de banco público. Renan não quis nada para Lages.
O que não quer dizer que, nos próximos dias, quando serão acertados os cargos de segundo e terceiro escalão, Renan não emplaque outros nomes”.
A indicação de Fachin
Renan Calheiros conversou, ontem, com Dilma Rousseff sobre a indicação de Luiz Fachin para o STF. O presidente do Senado disse, hoje, que ele vai precisar explicar, na sabatina, seu envolvimento na eleição da presidente em 2010, segundo a Agência Senado:
“Em sua chegada ao Congresso nesta quarta-feira (15), o presidente do Senado, Renan Calheiros, respondeu a jornalistas que a Casa “irá votar com maturidade” a indicação do nome do advogado Luiz Fachin para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciada pela presidente da República, Dilma Rousseff.
Renan confirmou que a presidente Dilma o comunicou sobre a indicação. Ele também disse ter se encontrado com Luiz Fachin na semana passada e comentou sua impressão do encontro.
Questionado se o fato de Fachin ter apoiado a candidatura de Dilma Rousseff nas eleições de 2010 comprometeria sua atuação no STF, caso tenha seu nome aprovado para a Corte, Renan disse que o próprio indicado terá a chance de se manifestar sobre o assunto, durante a fase de sabatina no Senado.
— Essa será uma pergunta inevitável que será feita por ocasião da sabatina, ele vai ter definitivamente uma oportunidade para responder — afirmou.
Perguntado sobre a confirmação de Henrique Eduardo Alves como ministro do Turismo, Renan disse não ter informação a respeito.
— Não cabe ao presidente do Senado nomear ou indicar ninguém, absolutamente. Muito menos caberá ao presidente do Senado fazer barganha ou aceitar composição — frisou.