Depois de protestos, governo apresenta projeto de passe nada livre

Depois de protestos, governo apresenta projeto de passe nada livre

Sobrou, mais uma vez, para Renan Filho. Foi assim no caso da precipitada reabertura da Santa Mônica. Deu no que deu. Agora, quem está pagando ‘a fatura’ por conta dos protestos provocados pela ‘inflexibilidade’ do vice-governador e secretário da Educação é o governador.

Alguém já contabilizou quanto a economia de Maceió perdeu por conta dos protestos que resultaram no fechamento da Avenida Fernandes Lima? E o desgaste político que fica para um governo que autorizou o uso da força contra estudantes?

A PM mostrou-se, ao lidar com os protestos desta sexta-feira, 27, melhor preparada para o uso da força. O diálogo esgotou-se rapidamente.

Todo o processo foi motivado pela decisão da Secretaria de Educação do Estado que suspendeu transporte escolar em Maceió.

Luciano Barbosa revelou no Blog do Villar que a medida é saneadora: “o que havia era uma farra com o dinheiro público travestida de transporte escolar. Custava aos cofres públicos aproximadamente R$ 54 milhões por ano. Tem casos como Arapiraca, onde a municipalização reduziu a frota de 34 para 18 ônibus prestando um serviço superior e atendendo a mesma quantidade de alunos”.

O problema, no caso de Maceió, é que a SEE não ofereceu alternativas. E teve tempo para isso. Os contratos foram cancelados no primeiro dia útil do ano.

E se os protestos surpreenderam alguém, não poderá ter sido o secretário. Luciano Barbosa já havia sido alertado para a insatisfação que a medida provocou,como registrei aqui: http://wp.me/p2Awck-2if.

Passe nada livre

Após os protestos, o governo encaminhou, nesta sexta-feira, o projeto que cria o “passe-livre” para a Assembleia Legislativa. O “batismo” não foi dos melhores. Primeiro, que não haverá gratuidade para todos. O Estado vai pagar apenas pelo transporte dos estudantes da rede estadual. Segundo, porque os únicos beneficiados pelo projeto são estudantes que já tinham transporte gratuito.

O pior é que não terá controle da frequência dos estudantes, que poderão usar os passes para outros fins. E, algo mais complicado, não existem linhas de ônibus suficientes para atender todos os estudantes. Alguns terão que pegar dois ônibus ou andar muito até chegar a um ponto de parada.

Economia

Coube ao Secretário do Gabinete Civil, Fábio Farias, a missão de entregar, ontem, ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Luiz Dantas (PMDB), “o projeto de lei que concede gratuidade nos transportes coletivos à estudantes do 6º ao 3º ano do ensino médio da rede pública de ensino de Maceió”.

De acordo com a Agência Alagoas, com a medida, “o Governo de Alagoas reduzirá em 50% os custos com o transporte de estudantes na capital, totalizando R$ 25 milhões por ano. O projeto será custeado por meio de recursos federais e parte do tesouro estadual”.

 Transtornos

O presidente da CUT/AL, Isaac Jackson, diz 9,5 mil alunos da rede estadual foram prejudicados com o fim do contrato de transporte escolar. Ele diz, no entanto, que a rede estadual de ensino tem hoje mais de 55 mil alunos.

 Queimando calorias

Experimentado na seara política, Luciano Barbosa deve saber certamente o que está fazendo ao romper contratos que estariam dando prejuízos ao erário. Ele sabe que no começo de gestão tem “calorias” que podem ser queimadas sem maiores riscos para a “saúde” do governo.Ainda assim, ele tem “chamado” muita gente para a briga. Resta saber se dará conta do recado e se terá energias para fazer a prometida “revolução” na Pasta que é tida como a mais importante do atual governo.

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Edivaldo Junior

Edivaldo Junior

Edivaldo Junior é jornalista, colunista da Gazeta de Alagoas e editor do caderno Gazeta Rural

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