Ainda pior: AL aumenta ‘estouro’ da LRF para 49,7% em dezembro

Ainda pior: AL aumenta ‘estouro’ da LRF para 49,7% em dezembro

O limite de gastos do Estado com pessoal  é de no máximo 49% da Receita Corrente Líquida. Isso é o que diz a Lei de Responsabilidade Fiscal.  Alagoas, como já se sabia, ultrapassou esse limite no segundo quadrimestre (agosto) de 2014 ao registrar gastos de 49,44%.

Na semana passada saiu o relatório de gestão fiscal  com dados do terceiro quadrimestre (setembro a  dezembro) de 2014. A situação piorou – nada diferente do esperado.

O Executivo fechou 2014 com despesas de pessoal da ordem de R$ 2,967 bilhões, ultrapassando em R$ 42,4 milhões o limite máximo (R$ 2,925 bilhões). Os gastos chegaram 49,71%, acima do limite máximo (49%) e muito acima do limite prudencial (46,5%) e de alerta (44,10%).

Não será fácil reverter essa situação no curto prazo. Por ora só resta ao governo de torcer para arrecadação crescer. Toda a economia que será gerada com o corte de 30% nos cargos comissionados (algo entre R$ 15 e R$ 20 milhões no ano), não será suficiente sequer para cobrir o impacto do aumento dos militares, que deve chegar a  R$ 60  milhões somente em 2015.

O que fazer?

O governo está proibido, por decisão judicial, de aumentar gastos com pessoal até que cumpra os limites da LRF. Por isso o governador buscou o entendimento com MPE e TJ/AL em torno do aumento dos militares, retroativo a janeiro.

O governo fechou acordo com os poderes que decidiram “abrir uma exceção”. Na prática, isso significa que o governo terá de fazer novos cortes de gastos com pessoal.

É importante lembrar que a própria lei que aprovou o aumento deixou o  reajuste condicionado ao cumprimento da LRF.  Não é fácil dizer não para os militares – ainda mais num momento em que o governo faz um grande esforço para reduzir a violência.  Mas ao fazer isso, o governador Renan Filho abre um precedente que pode lhe custar caro, tanto na negociação salarial com outras categorias, quanto para o equilíbrio fiscal do estado.

Frustração

O ex-governador Téo Vilela sempre usou a LRF como justificativa para não dar reajustes maiores ou contratar novos servidores. E logo ele entregar o Estado com o limite estourado? Justiça se faça. Apesar do “esforço do governo”, Alagoas enfrentou duas grandes frustrações de receita em 2014, que em parte explicar o problema: foram R$ 170 milhões a menos de FPE e R$ 150 milhões a menos de ICMS.

A perda de FPE é um problema nacional, resultado da desaceleração da economia e que atinge todos os estados e prefeituras. No caso do ICMS, a situação de Alagoas reflete também o fechamento de quatro usinas, ocorrido na safra 2013/2014.

Se o quadro se repetir esse ano, a relação de Renan Filho com o funcionalismo não será das melhores.

 

lrf dezembro 2014

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Edivaldo Junior

Edivaldo Junior

Edivaldo Junior é jornalista, colunista da Gazeta de Alagoas e editor do caderno Gazeta Rural

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