De Toledo para Santoro: não é preciso procurar bode expiatório

De Toledo para Santoro: não é preciso procurar bode expiatório

A ‘briga’ dos números mudou de endereço. Quem primeiro apresentou os ‘penduricalhos’ de R$ 330 milhões deixados pelo governo anterior foi o governador Renan Filho. Eram como ele próprio adiantou, dados preliminares que apontavam para uma dívida de R$ 330 milhões.

Agora quem passa a cuidar diretamente do imbróglio financeiro é a Secretaria da Fazenda. Coube ao secretário da Fazenda, George Santoro, detalhar as dívidas deixadas pela gestão de Téo Vilela para serem pagas este ano.

Depois de muita expectativa, Santoro convocou uma coletiva para esta segunda-feira, com o objetivo de apresentar “a situação fiscal do estado”. Os números iniciais não se confirmaram. O secretário da Fazenda apresentou, agora, uma conta menor. A dívida caiu para R$ 275 milhões.

Para piorar, a Sefaz ficou devendo explicações, ao mostrar apenas os dados que falam das “dificuldades financeiras”, dos débitos. A observação é do ex-secretário da Fazenda, Maurício Toledo, com quem conversei hoje a tarde.

Escalado por Téo Vilela para analisar a ‘Nota Técnica’ distribuída por Santoro, Toledo diz que o secretário esqueceu de dizer recebeu no dia 10 de janeiro mais de R$ 320 milhões de receita (ICMS, FPE e outros) com fato gerador em dezembro de 2014.

“Pior do que isso é que se tenta confundir. Uma coisa é a realidade contábil. Nesse ponto ele está certo. Outra coisa é a forma de ler contabilidade. Ele  inclui como débito despesas continuadas, que vem sendo pagas regularmente pelo estado, como os salários e os empréstimos consignados”, pondera Toledo.

O ex-secretário usou como exemplo o pagamento de uma cota de luz ou do cartão de crédito: “o consumidor paga a conta do cartão e da luz até 30 dias depois do  seu consumo. Isso não quer dizer que está em atraso. É assim que as coisas funcionavam no estado há vários anos, em relação aos consignados e a folha de pessoal”, reforça.

Toledo cutuca o seu ‘sucessor’ ao dizer que ele está tentando buscar culpados para um quadro de dificuldades que é nacional: “ele tem que dar seus pulos, de buscar alternativas. Nós entregamos o estado com tudo funcionando, com tudo em dia. As despesas que existe são continuadas”, enfatiza.

Para o ex-secretário o governo pode estar usando a estratégia ou pelo menos o alvo errado: “Não tem que procurar outro bode expiatório para as maldades que são necessárias, mas que não são as contas de encerramento de exercício”, aponta.

Maurício Toledo vai além: ‘quando assumimos o estado em 2007 realmente existiam dívidas de restos a pagar  e de fornecedores, mas não ficamos somente reclamamos. Nós apresentamos um plano, pagamos todos eles e organizamos a casa”.

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Edivaldo Junior

Edivaldo Junior

Edivaldo Junior é jornalista, colunista da Gazeta de Alagoas e editor do caderno Gazeta Rural

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