As medidas de contenção de gastos do governo de Alagoas, avisa Renan Filho, não se resumem ao corte no número de cargos comissionados.
A austeridade será “ampla, geral e irrestrita”.
Para dar o exemplo, o governador cortou gastos no próprio gabinete. Das 58 vagas de cargos comissionados só 20 foram preenchidas. A redução chega a 60% e com ela vem outras economias que ele considera importantes: os gastos com celulares e carros locados – isso sem falar em passagens, diárias, horas extras etc.
A meta de redução no número de comissionados, como já foi antecipado, é de 30% ou de 800 cargos.
No uso de carros locados, o corte promete ser mais profundo. Hoje o estado tem cerca de 1.400 carros alugados. “Quero devolver pelo menos 600 e ficar com apenas 800”, avisa Renan Filho. O número representa uma diminuição acima dos 42%.
O governo também espera reduzir gastos com internet e celular. Atualmente o estado tem contratados cerca de 4,5 mil terminais de telefones móveis – metade deles usados por ocupantes de cargo de comissão.
Farra com o dinheiro público
Não é apenas na atual gestão ou na gestão anterior, que carros, telefones, diárias e passagens são usados por servidores do estado para benefício pessoal. É comum o servidor usar essas e outras ferramentas de trabalho para deleite próprio. Isso ocorre em todas as esferas e de todos os poderes.
Não será fácil acabar com a farra. Mas também não é impossível. Se o exemplo vier de “de cima”, a situação melhora – e muito.
Complemento de salário
O próprio governador sabe que “mimos” como carro de tanque cheio e celular free na mão terminam se transformando em complemento de renda para alguns servidores. Ao endurecer nos cortes existe, portanto, o risco de perda de alguns “quadros”. Mas são casos isolados.
Na maioria dos casos, os carros e celulares do estado são usados de forma indevida e muitas vezes por quem não precisa.
Começo de governo
Em alguns comentários neste blog e em textos publicados por outros jornalistas, algumas pessoas registram que “todo início de governo é assim”.
Alardear dificuldades faz parte da tradição e pode ajudar a colocar a opinião pública a favor dos novos gestores.
No caso de Alagoas pode até ser isso – também. Mas é fato que o estado vive uma crise profunda. Tanto que o ex-governador Teotonio Vilela Filho alertou para o quadro de dificuldades existentes.
Para piorar, a expectativa é que a economia do país se mantenha estagnada este ano. Em outras palavras, Renan Filho teria que fazer cortes profundos nos gastos públicos em algum momento. Melhor fazer logo, antes que a situação se complique mais.