Em julho deste ano, os pequenos produtores de bovinos do Estado passaram por uma grande melhoria em seu rebanho. A Fertilização In Vitro (FIV) – fruto de uma parceria do Governo de Alagoas com o Sebrae -, garante melhor qualidade genética das crias do pequeno pecuarista.
Ação desenvolvida pelo projeto Balde Cheio, a Fertilização In Vitro é implementação do embrião com alto potencial leiteiro nas fêmeas, a fim de procriar animais com mais qualidade. Por ter o histórico do embrião, o produtor certifica que a qualidade genética do bezerro será melhor que a mãe, além de 85% das crias serem fêmeas.
“Antes desse método, era realizada a inseminação artificial. A FIV avança de quatro a seis etapas em relação à inseminação, além da garantia da qualidade da cria”, explicou o superintendente de Desenvolvimento Agrário da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), Hibernon Cavalcante.
Naturalmente, a vaca teria 50% de chances de ter um bezerro macho e 50% de chances de ter uma fêmea. Porém, segundo o superintendente, quem dá rentabilidade à pecuária de leite são as fêmeas. “O macho é importante para procriar, então, não é importante o rebanho ter muito macho. É preciso de pouco macho de excelentes mães para dar continuidade ao processo de melhoramento”, explica.
Diferencial
Os laboratórios, normalmente, vendem os pacotes para no mínimo dez prenhezes. O diferencial dessa parceria da Seagri com o Sebrae é o fato de a fertilização ser feita em qualquer propriedade, mesmo que nela só tenha uma única vaca. “A taxa de fertilização do embrião é de 40%, então é necessário duas vacas e meia reprodutoras para uma prenhez. Mas através do Programa de Melhoramento Genético, vamos tentar emprenhar uma única vaca, se for o caso”, disse Hibernon.
A assessoria reprodutiva é prestada pela empresa In Vitro Brasil, especializada em preservação genética. A corporação é considerada a maior empresa de produção de embriões de Fertilização In Vitro no mundo e está presente em 11 países. “Nosso objetivo é garantir o animal com maior potencial de produtividade, superando a média do Estado”, afirmou Antonio Carlos, veterinário e diretor comercial da In Vitro Brasil.
A média de produção leiteira de Alagoas é de 5 litros por animal, com a FIV esse número aumentará.
“Esses animais que vão nascer fruto do projeto são animais que podem dar quatro vezes mais do que a média de produtividade do Estado. Isso só depende do manejo e da nutrição que o animal terá durante o processo, por isso também é importante os demais programas associados no Balde Cheio, que garante a assistência técnica”, ressaltou Antonio Carlos.
Na primeira etapa de implante, dos 350 embriões recebidos, 42% vingaram, totalizando 147 prenhezes no Estado. “Quase 200 animais não vingaram a gestação. Depois de 60 dias, fizemos a segunda tentativa, e vamos fazer até três tentativas. Até o dia 31 de dezembro, serão mil prenhezes para Alagoas”, esclareceu o superintendente Hibernon Cavalcante.
Novos embriões
No caso da não aceitação do embrião no animal, a equipe técnica volta ao local e reintroduz novos embriões. Para a continuidade do programa, estão previstas duas mil prenhezes em 2015.
Durante o procedimento, são escolhidos óvulos de doadoras, com genealogia da raça Girolando, que estão localizadas nos Estados de Minas Gerais e São Paulo e os touros são animais importados do exterior, com prova genética de produção de leite.
No laboratório é feita a fertilização dos óvulos e depois vão para uma espécie de incubadoras onde ficam sendo maturados por uma semana. Quando fecha uma semana, o embrião é colocado na vaca do produtor, que deixa de ser uma reprodutora para ser uma “barriga de aluguel”.
Acesso à tecnologia
Uma das vantagens para o pequeno produtor, é que, dentro do programa, ele paga somente 20% do valor total da fertilização, cerca de R$ 200. O restante é financiado pelo o Governo e Sebrae. “Para nós, é importante essa parceria, pois o pequeno produtor passa a ter acesso à tecnologia e melhoria do rebanho. Dessa forma, ele consegue aumentar a produtividade leiteira, tenho um ótimo retorno financeiro”, ressalta a gerente de Agronegócio do Sebrae, Vânia Brandão.
O pequeno produtor Marcelo Albuquerque já foi beneficiado no programa de melhoramento genético em duas prenhezes e os resultados demonstram crescimento no seu negócio. “Esses programas governamentais, juntamente com o Sebrae, são muito importantes para nós porque passam conhecimentos para a gente trabalhar na pequena propriedade como se fosse uma empresa. Com esse programa da prenhêz a qualidade só aumenta”, disse o pequeno pecuarista.
Beneficiado pela primeira vez, o pecuarista do município Gean Marcelo, do município de Craíbas, recebeu os embriões com alta qualidade genética em seus animais.
“Se fosse para pagar o preço por prenhez, não tinha condições. Mas a gente só vai pagar 20% do valor e ainda dividi em cinco vezes. Quem podia imaginar uma coisa que a gente ver passando na televisão tão perto de nós? Isso é muito bom para a gente”, disse, contente.
Agência Alagoas