Cenário econômico deixa empresários mais cautelosos para temporários

Cenário econômico deixa empresários mais cautelosos para temporários

Para o Comércio, o mês de outubro abre o período de contratações de temporários para a movimentação do final de ano. É uma época geralmente marcada pelo aquecimento das vendas e, por isso, o ‘reforço’ no quadro de colaboradores auxilia na manutenção da qualidade de atendimento a uma demanda maior. Entretanto, para este ano os empresários estão mais cautelosos; reflexo do baixo ritmo de crescimento da economia brasileira.

De acordo com o economista Fábio Guedes, 2014 entrará para a história do Brasil como um dos anos mais atípicos em termos de crescimento econômico. Como fatores estão a crise econômica internacional, que continua grave; e dois eventos de ordem interna que tiveram efeitos diretos sobre o desempenho da economia brasileira: a Copa do Mundo, com as paralisações nos setores produtivos e segmentos do comércio, e as Eleições em dois turnos.

“Estes eventos ocorreram próximo um do outro. As eleições, por exemplo, determinam em grande medida o ciclo dos negócios e as expectativas empresariais; basta observar o movimento da Bolsa de Valores e as flutuações do câmbio”, explica o economista, acrescentando que “a taxa de inflação foi bastante influenciada pelas variações cambiais e pelo choque de oferta, sobretudo de produtos agrícolas, e a forte estiagem, que prejudicou o abastecimento de reservatórios necessários à produção de energia”.

Estimativas

Mesmo diante das dificuldades e expectativas desfavoráveis, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê que o comércio varejista feche o ano com saldo positivo de 3,5% de expansão. E, para o mês de dezembro, a expectativa é que o volume de vendas cresça 3% em relação a 2013; uma expansão de 0,8% na geração de empregos temporários, o que significa 138,7 mil postos de trabalho.

Já a pesquisa encomendada pelo Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário do Estado de São Paulo e pela Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de RH, Trabalho Temporário e Terceirizado, a criação de empregos temporários no país alcançará, no período das festas natalinas, 163,5 mil vagas.

Nessa última pesquisa, ao Nordeste caberá a geração de 15,1 mil vagas de empregos temporários no setor de comércio, com Alagoas abrindo 491 novos postos de trabalho. “Esses números, conforme a própria CNC e os dados disponíveis para a economia brasileira, são compatíveis com o ritmo mais fraco do volume de vendas previsto para o Natal deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado”, pondera Guedes.

Apesar disso, o volume de vendas do comércio varejista alagoano em 12 meses, pela última Pesquisa Mensal do Comércio para agosto, cresceu 7,6%, duas vezes mais que o Brasil (3,6%). “Caso continue nesse ritmo, o comércio alagoano poderá ter um resultado satisfatório no final do ano, acima do desempenho de outros estados nordestinos e do país, podendo até superar a expectativa de geração dos cerca de 500 empregos temporários”, analisa o economista.

Para Guedes, o trabalhador que deseja se firmar a partir das oportunidades criadas pela abertura de vagas temporárias deve ficar atento, pois este é o momento ideal para preparar-se e treinar habilidades e competências, já que as contratações geralmente começam entre os meses de outubro e novembro. Na projeção do economista, dentre os temporários, cerca de 30% serão efetivados pelas empresas do comércio.

Maceió

O presidente da Aliança Comercial, Olinto Ozório, ressalta que as contratações temporárias acontecem todos os anos. Para ele, o período é uma grande oportunidade para quem está começando a trabalhar no comércio. “As empresas aproveitam os funcionários que se destacam. E para isso não tem nenhum segredo. É necessário ter uma boa apresentação e um bom desempenho na hora de abordar o cliente”, ressalta. Na fase de recrutamento, cada empresa tem uma sistemática própria para contratar. Algumas contratam diretamente e outras optam em buscar empresas de recursos humanos.

Porém, como o desempenho do setor não foi tão positivo quanto o ano passado, Olinto acredita que isso poderá interferir no número de contratados temporariamente. “Se o lojista achar que não terá o mesmo movimento do ano passado, certamente, contratará menos”, afirma.

Ou até mesmo não contratará, a exemplo do empresário Luiz Jardim, sócio e diretor executivo das Casas Jardim. “Chegamos ao final do ano com o mercado abaixo das expectativas iniciais. Avaliamos o nosso quadro e concluímos que não demandaremos novos funcionários, nem equipe temporária neste trimestre”, avalia, acrescentando que, em contratações deste tipo, a empresa normalmente recrutava motoristas e pessoal para apoio logístico, direcionando os funcionários já treinados para suporte aos vendedores.

Na análise do empresário, caso não ocorra uma rápida recuperação do mercado após as eleições, nesta final de ano o número de contratados por tempo determinado sofrerá uma queda em ralação a anos anteriores. “Entretanto, as lojas que vivem à festa do consumo do verão, do presente e do Natal sempre demandarão novas contratações. No caso de Casas Jardim, existe uma elevação sim da demanda, pois o verão e a tradição de final de ano da pintura fazem com que as pessoas busquem melhor ‘arrumar’ suas casas ou recuperar alguns danos causados pela chuva do inverno, e nossas vendas sempre crescem muito, até pelas promoções e ofertas comerciais. Mas, este ano implantamos uma série de ações que conseguiremos bem atender esta demanda com o nosso quadro já efetivado e treinado ao longo dos meses anteriores”, ressalta Jardim.

O presidente da Associação Comercial de Maceió (ACM), Kennedy Calheiros, também ressalta a sazonalidade como sendo um dos motivos para gerar postos de empregos temporários. Por isso, entre as áreas que mais contratam nessa época estão os shoppings e o setor de presentes. Para ele, uma das dificuldades encontradas pelos empresários é justamente onde conseguir colaboradores.

Mas, com ou sem contratações por prazo determinado, os empresários da capital podem melhorar o otimismo em relação às vendas de final de ano. É que a Associação Comercial, em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), lançou recentemente, no dia 28 de outubro, a campanha Natal Melhor. Com mais de 2 milhões de cupons vendidos antecipadamente, a segunda edição da campanha terá como atrativo o sorteio de prêmios – dentre eles 3 carros, 5 Motos, 30 televisores e mais de 70 tablets – e a realização de atividades culturais em diversos bairros de Maceió.

Postura

Apesar de não prever nenhum temporário para sua empresa, mas com a bagagem de quem já realizou muitas contratações deste tipo, Luiz Jardim destaca algumas posturas que podem contar a favor na hora de transformar de empregado sazonal em efetivo.

A escolaridade, a postura, a facilidade de expressão verbal e escrita muito contam no processo de seleção, até mais que a experiência, pois há como realizar treinamentos. “É importante que a juventude procure sempre praticar a leitura, cultivar a informação, ficar ligado ao seu ambiente, aprender com a observação, para que tenha um bom desempenho no processo seletivo e que se torne um bom profissional”, aconselha o empresário.

Segundo Jardim, mesmo que não seja efetivado na empresa onde trabalharam temporariamente, os profissionais mais qualificados e mais dedicados encontram logo uma colocação no mercado. E em alguns casos, são até indicados a empresas amigas que precisam de mão de obra. Por isso, “vale a pena o empenho e desempenho de um contratado temporário, pois é uma grande oportunidade de se mostrar para o mercado”, pondera Jardim.

E para quem procura se inserir nesse mercado, é bom visitar empresas para entregar currículo e, sobretudo, as empresas de terceirização. Outra possibilidade é se cadastrar em órgãos oficiais de treinamento e recrutamento de mão de obra, a exemplo do Sistema Nacional de Emprego (Sine).

Ascom Fecomércio/AL

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