Psicicultura: tradição é o sustento de 38 mil famílias em Alagoas

Psicicultura: tradição é o sustento de 38 mil famílias em Alagoas

Como já dizia o ilustre escritor alagoano Ledo Ivo, “quem nasce aqui, e respira desde a infância um aroma de açúcar, vento, peixe, maresia, sente que o oceano próximo cola em todas as coisas”. É bem assim com os pescadores alagoanos. O estado preserva uma das maiores tradições do Brasil, a pesca artesanal. Os recursos naturais de Alagoas beneficiam mais de 38.000 pescadores ribeirinhos, que extraem das águas o sustento familiar.

As comunidades tradicionais às margens das lagunas, rios e mares de Alagoas expressam costumes hereditários, em uma relação de uso e dependência com a natureza. Pensando nisso, a Agência Alagoas produziu uma série de reportagens com histórias de pescadores que trabalham no mar de Maceió, na Lagoa Mundaú e no Rio São Francisco.

Nesta primeira reportagem, conheça “Cacau”, que cresceu brincando no mar da Pajuçara e acabou fazendo dele o seu ganha-pão.

Nas ondas do mar da Pajuçara

Andando pela costa litorânea da capital alagoana é comum avistar homens pondo sua jangada no mar, em busca do pescado – que muito mais que um alimento, é um meio de sustento. José Carlos Alves, 51 anos, é um deles. Conhecido como Cacau, ele está no ramo da pesca artesanal há mais de 30 anos e sente satisfação em executar a arte que aprendeu ainda criança.

Foi brincando nas jangadas à beira do mar de Pajuçara que Cacau iniciou seu ofício. “Eu saía da escola e vinha direto para a praia ‘cortar impú’ e brincar de jangada para aprender a navegar”, conta, explicando que o primeiro passo do pescador do mar é ser “impuzeiro”, responsável por colocar a jangada na água. Em troca, os impuzeiros recebem alguns peixes como gratificação.

Após a iniciação, o pescador é classificado como “proeiro”, braço direito do mestre de pesca, que enfrenta quatro dias, em média, no alto mar. “Passo mais tempo dentro do mar do que com pés em terra”, exclamou o pescador. Os conhecimentos da influência das fases lunares no mar, da direção do vento e da localização dos peixes são obtidos através do convívio diário com a natureza.

Nova Balança do Peixe melhora comercialização em Maceió

Arabaiana, cavala, cioba dourada e xaréu são algumas espécies de peixes que o mar oferece e vão direto para as mesas dos alagoanos. Em 2013, o Governo de Alagoas inaugurou a nova Balança do Peixe da Pajuçara, adaptando infraestrutura e tecnologia para melhorar o trabalho pesqueiro. “Essa balança é fundamental. Ela é o entreposto onde os pescadores pesam e vendem, onde eles passam por todo o processo de produção dessa área”, atesta a Presidente da Colônia de Pescadores Z-01, Maria Aparecida da Silva.


Agência Alagoas

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