Demanda e abate de fêmeas levam bezerro a novo recorde

Cotações da arroba do boi também estão em alta, mas não tanto quanto as do bezerro
Demanda e abate de fêmeas levam bezerro a novo recorde

O preço real do bezerro é o maior da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, iniciada em 2000. As cotações da arroba do boi também estão em alta, mas não tanto quanto as do bezerro. As altas de preços do bezerro vêm reduzindo o poder de compra de pecuaristas de recria-engorda – são necessárias mais arrobas de boi gordo para a compra de um animal de reposição.

Os valores para o bezerro foram deflacionados pelo IGP-DI de agosto deste ano. A média de setembro do Indicador Esalq/BM&FBovespa, referente ao animal nelore, de 8 a 12 meses, em Mato Grosso do Sul, foi de R$ 1.073,93, forte valorização de 24,2% no acumulado deste ano e de 28,7% frente a setembro de 2013. No Estado de São Paulo, a média deflacionada de setembro foi de R$ 1.078,48, também a maior da série Cepea, iniciada, neste caso, em 1994.

O movimento de alta dos preços do bezerro é visto desde o primeiro semestre de 2013, ainda que tenham havido recuos pontuais. Segundo pesquisadores do Cepea, a valorização do bezerro tem sido puxada pela demanda de recriadores que se sentem estimulados pelos preços também em elevação do boi gordo. Além disso, a oferta de bezerros tem sido pressionada pelo abate de matrizes. Em 2013, segundo dados do IBGE, foram abatidas 14,46 milhões de vacas e novilhas, recorde que superou em 10% o máximo até então registrado em 2006.

Isso tem se refletido também na participação crescente de fêmeas sobre o total de animais abatidos no Brasil. Em 1997, primeiro período de dados divulgados pelo IBGE, 33,4% dos abates correspondiam a vacas e novilhas; em 2013, já eram 42,2% e, no primeiro trimestre de 2014 (últimos valores disponíveis), 47%.

Segundo pesquisadores do Cepea, a relação de fêmeas abatidas tem se aproximado das proporções encontradas em países com rebanhos mais estáveis e de produção mais tecnificada, como Estados Unidos e Austrália, onde a participação é superior a 45%.

“Esses dados, portanto, sinalizam mudança significativa na estrutura do rebanho nacional”, aponta o pesquisador do Cepea e professor da Esalq/USP Sergio De Zen.

Arroba

As cotações da arroba do boi também estão em alta, mas não tanto quanto as do bezerro. Em setembro, o Indicador Esalq/BM&FBovespa (Estado de São Paulo) teve média de R$ 128,58, alta real de 16,5% em relação ao mesmo período de 2013, aproximando-se do recorde deflacionado da série Cepea que é de R$ 134,91 em novembro de 2010.

No acumulado deste ano, o boi gordo (Indicador – SP) avança 12,6%, percentual semelhante ao da arroba de vaca tanto em Mato Grosso do Sul como em São Paulo (13,6% e 13%, respectivamente), com as médias da fêmea passando para R$ 117,28 e R$ 121,33, nessa ordem, na terça-feira, 30.

Margem

As altas de preços do bezerro vêm reduzindo o poder de compra de pecuaristas de recria-engorda – são necessárias mais arrobas de boi gordo para a compra de um animal de reposição. Segundo De Zen, para fazer frente a esse cenário de margem apertada, o pecuarista de engorda precisa elevar a produtividade, com aprimoramento das técnicas de manejo do rebanho, de pastagem e suplementação, além da própria gestão do negócio.

“O produtor deve encarar gastos nesses itens como investimentos, apostando que o retorno também será maior ou mesmo imprescindível para manter a atividade sustentável”, orienta o pesquisador.

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Redação

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