Agricultor aposta na produção de laranja em área de pecuária de leite

Agricultor aposta na produção de laranja em área de pecuária de leite

Agricultores familiares da região do Semiárido Alagoano enfrentam e reduzem os efeitos da escassez de chuvas com apoio do trabalho de assistência técnica e extensão rural. É o caso da família do agricultor Luiz dos Santos, 64 anos. Residente na Comunidade Serra de São José, município de Palmeira dos Índios, há cerca de dez anos, o agricultor apostou na diversificação da produção e hoje tem no cultivo da laranja pera sua principal fonte de renda.

A região tem como principal atividade agropecuária a produção de leite, porém, o agricultor afirma que queria aumentar a produtividade da terra. Ele conta que sempre participou das atividades de intercâmbio promovidas pelo Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater/AL) e sua intenção era ter um produto diferenciado e que fosse rentável o ano inteiro.

Avaliações técnicas concluíram que a propriedade é pequena para criar somente gado e o solo, muito úmido para o plantio de feijão e outros grãos no inverno. Então, recomendaram que ele investisse na cultura da laranja.

“Em uma reunião, um técnico apresentou a muda da laranja pera, vi que na minha região ninguém tinha a plantação e que a produção era muito boa. Eu me interessei e fui atrás. Em 1980, fiz meu primeiro plantio de laranja, através do Projeto Sertanejo, que não deu certo. Mas anos depois, decidi apostar em um novo pomar e com muito trabalho, tenho hoje o melhor produto da região. Posso garantir”, enfatizou o agricultor.

Crédito

Ao longo dos dez últimos anos, o agricultor se beneficiou do crédito orientado, através do Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que auxiliou nos investimentos da sua propriedade, com kits de irrigação, caixas d’água e bombas. Hoje o agricultor tem dois barreiros que armazenam 80 mil m² de água e no verão, com os barreiros cheios, o consumo chega a 100m² por dia para irrigar as fruteiras.
Recuperando-se das perdas causadas pela falta de chuvas, a produção de Luiz Santos voltou a crescer. A cada semana, ele entrega no mercado local cinco mil laranjas, abastecendo lanchonetes, mercadinhos e outros feirantes. “Com o retorno das chuvas investimos em adubação e outros tratos culturais. Nossas laranjeiras estavam aflorando, porém o fruto não crescia. Hoje temos um fruto verdinho e suculento”, relatou o agricultor.

No comando da propriedade, o agricultor conta com o reforço importante, da esposa, Nativa Maria dos Santos, 62 anos. Na época de colheita, a família ainda gera emprego, contratando trabalhadores para cumprir com todas as encomendas. Além da produção de laranja, a família cultiva feijão, inhame, milho e cria aves, fazendo um dinheiro extra. “O inhame e o feijão plantamos para o consumo, e o milho, deixamos para alimentação dos animais. Antes da seca, tínhamos trinta reses (gado), porém tivemos que vender, porque estava difícil manter. Se esse ano as chuvas forem regulares voltaremos a investir em gado”, informou a agricultora.

Para o gerente regional Agreste II da Emater/AL, com sede em Palmeira dos Índios, Francisco Tenório, o trabalho do agricultor Luiz dos Santos define o que é a agricultura familiar. “O agricultor familiar tem prazer de trabalhar na sua terra, é uma paixão que não dá para explicar. Além de ter o perfil empreendedor, sempre buscando novas possibilidades de crescimento e informação”, destacou.

A região da Serra de São José é uma área privilegiada do Agreste, onde chove com mais frequência que nas demais regiões de Palmeira dos Índios. Ainda assim, Luiz dos Santos informou que sofreu perdas significativas com a seca de 2012. “Esse prejuízo representa um percentual grande no rendimento de um agricultor familiar. Muitos desistem da atividade e se aventuram em outros negócios. Por isso, a dedicação do Sr. Luiz é gratificante para quem faz extensão rural”, avaliou Francisco Tenório.

Agência Alagoas

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