Crescimento de áreas preservadas faz cair desmatamento em Alagoas

Crescimento de áreas preservadas faz cair desmatamento em Alagoas

Pesquisa divulgada no final de maio pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) destaca a participação de Alagoas na preservação do meio ambiente. Enquanto o desmatamento da mata atlântica avançou em 9% no país, Alagoas conseguiu diminuir em 88% o número de áreas desmatadas, caindo de 138 hectares para 17 hectares. O bom desempenho do Estado em relação ao desmatamento foi o crescimento em número de áreas nativas protegidas.

Em meados de 2000, Alagoas apresentava uma rede de unidades de conservação da natureza, na zona de mata. Entre os anos de 2007 e 2013, o Estado passou de 24 Unidades de Conservação para 50, dessa forma 1.551 hectares de remanescentes vegetais da mata atlântica ficaram inseridos em áreas protegidas.
Além dessas, as outras existentes no Estado são Áreas de Proteção Ambiental, Reservas Ecológicas, Reserva Extrativista, Reserva Biológica, Refúgio de Vida Silvestre, Estação Ecológica, Parques e Monumento Natural, criados em nível estadual, federal e municipal.

“Segundo os números apresentados pela pesquisa, oito estados aumentaram consideravelmente o desmatamento, três se mantiveram estáveis e apenas seis conseguiram efetivamente reduzir o número de áreas desmatadas. Entre eles, Alagoas se destaca como o Estado em que mais se avançou contra a diminuição de áreas nativas”, comenta Adriano Augusto, diretor-presidente do Instituto do Meio Ambiente (IMA).

Guardião da natureza

O ambientalista Osvaldo Timóteo, 84 anos, sabe muito bem como era antes e como está agora a situação da preservação do meio ambiente em Alagoas. Ele administra uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), em São José da Lage, que envolve 11 municípios, desde a cidade de Messias até Ibateguara, passando por municípios onde a natureza se impõe exuberante. São 550 mil metros quadrados, com destaque para uma grande área de mata atlântica original.
“Tudo isto aqui era cana-de-açúcar, eu mesmo fui um dos maiores fornecedores da região. Mas em 1986 colhi a última safra e comecei a pensar em meu sonho, parar de plantar e reflorestar a área. O sonho virou realidade, principalmente depois que registrei esse pedaço de paraíso como uma RPPN, a partir de 2007, quando conquistei o meu registro como área protegida no Instituto do Meio Ambiente. Por isso vejo com bons olhos esse incentivo do governo para a criação de novas reservas no Estado. Agora posso abrir esse paraíso aqui na terra, para visitação das pessoas”, afirmou o ambientalista.

Para ele, é preciso que as pessoas, os governos e os municípios tenham consciência da preservação ambiental. “Todos só têm a ganhar, pois dinheiro é bom, o ouro é bom, o dólar é bom, mas ninguém come ouro, nem dólar e nem real”.

Desde o registro como RPPN, seu Timóteo já fez o replantio de 25 mil árvores nativas, que se juntaram a espécies como pau-brasil, craibeira e mulungu. Na mata podem se encontrar também 64 espécies de pássaros e animais, como lobo guará, tatu, tamanduá e até jacaré. O reflorestamento teve apoio e parceria de instituições como a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) e a Cicosa.

Trilha maravilha

Em uma visita ao paraíso, os visitantes podem conhecer áreas de genuína Mata Atlântica, nascentes de água potável, espaço para preservação de aves e pássaros em extinção, passeios de trilhas, diversidades de árvores frutíferas e uma bela vista panorâmica.

No alto da reserva fica a pousada ecológica Beija-Flor, com uma varanda ventilada, redes de dormir, cadeiras confortáveis e uma grande casa, com quatro suítes. A pousada atrai, em média, três mil visitantes por ano, principalmente famílias, grupos organizados e pesquisadores.

“A pousada é usada como forma de manter a reserva e é explorada de forma sustentável, com um tratamento diferenciado e personalizado e alimentação à base de hortas e frutas orgânicas”, explica a filha e diretora de Marketing da pousada, Jacineide Timóteo, que completa, ao afirmar que o funcionamento é de terça a domingo. A entrada da reserva fica em frente ao entroncamento da cidade de São José da Lage, na AL-104.

Reconhecimento

A Reserva Ecológica Osvaldo Timóteo já se tornou uma referência ambiental em Alagoas e recebe, em média, três mil visitantes por ano, entre estudantes, pesquisadores, turistas nacionais e estrangeiros. O espaço oferece toda estrutura para o desenvolvimento de cursos, treinamentos, encontros, seminários e toda logística de espaço, almoço para os participantes.

“Hoje somos referência ambiental e já recebemos vários prêmios de instituições como o Ibama, o IMA, a SOS Mata Atlântica, além da Reserva da Biosfera com extensão na Unesco. Em 2009, recebemos aquele que foi o ápice do reconhecimento, o Prêmio Muriqui, da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Posso afirmar com todas as letras que meu sonho foi realizado”, destacou Osvaldo.

O diferencial da RPPN é o caráter de perpetuidade, o que significa que o proprietário tem área protegida em cartório e, caso as terras sejam vendidas ou repassadas a herdeiros, ela tem que ser mantida.

Outras ações

O Estado de Alagoas é destaque no Programa o Homem e a Biosfera (MAB), da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco), com o maior número de Postos Avançados e Núcleos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 15 no total. Os outros 15 Estados somam mais 41. As ações do meio ambiente do Governo de Alagoas são executadas pelo Instituto do Meio Ambiente e a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).

Outra ação importante – e que já apresenta resultados -, é o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em dezembro de 2009, entre 23 usinas do setor sucroalcooleiro, Ministério Público Estadual (MPE) e o IMA, para recomposição de 2.860 hectares de matas ciliares em um prazo de 10 anos. Entre 2009 e 2012 foram recuperadas 718,26 hectares de matas ciliares, o equivalente a 25,2% do previsto.

Agência Alagoas

Author Description

Redação

Sem Comentários ainda.

Participe do debate