Tecnologia reduz custos e aumenta produtividade no Sertão de Alagoas

Tecnologia reduz custos e aumenta produtividade no Sertão de Alagoas

Em Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas, os produtores Antonio Tavares de Oliveira e Jorge Luis de Santana têm em comum o fato de aproveitarem os benefícios que a pesquisa e a tecnologia trouxeram para a produção deles e o reconhecimento da importância da inovação para o dia a dia dos sertanejos que convivem com a dificuldade da falta de água e as características ambientais do local.

Eles criam galinha caipira para comercialização de ovos, e frangos de corte, através do PAF – Programa de Avicultura Familiar, iniciativa do Instituto Globoaves, com parceria com o Governo Federal, Governo de Alagoas, Instituto Parque Tecnológico, Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e Sebrae, que objetiva utilizar a avicultura familiar como instrumento de desenvolvimento sustentável regional e inserção no mercado para famílias de baixa renda e pequenos agricultores.

A produção de Antonio Tavares de Oliveira começou em 2011. Com investimento inicial de R$ 1 mil, recebeu do PAF 60 aves, sendo 30 de corte e 30 poedeiras. Após três anos, sua produção chega a 460 galinhas, com média de 240 ovos ao dia. Feliz com o investimento, o pequeno produtor está ampliando o negócio para que, até o final deste mês, aumente a capacidade de criação para 700 aves. Seu Antonio reconhece que tem mais de 100% de lucro e sua criação representa 40% do total de seus rendimentos mensais.

O pequeno produtor ressalta que conseguiu reduzir em 30% os custos com ração comercial, graças às descobertas feitas pela equipe do professor Fábio Sales, que coordena o núcleo de pesquisas do sistema de produção do Semiárido, com trabalhos que buscam alternativas de alimentação para a produção da região, utilizando o que melhor Semiárido alagoano produz. Essas pesquisas beneficiam os 95 produtores de galinha caipira que fazem parte do PAF.

Com bons resultados, agricultores diversificam produção

Os mesmos benefícios dessas pesquisas são percebidos por Jorge Luís de Santana, criador de aves e ovos caipira, e que agora também começa a produzir mel. Jorge Luis também começou em 2011 com 60 aves e pretende, nos próximos dois anos, chegar a mil unidades.

Os dois produtores acrescentaram na alimentação das aves a palma forrageira, a folha e o caule da mandioca, típicos da região. Além de diminuir a quantidade de ração comercial, sem alterar a qualidade dos animais, a medida contribui para a hidratação das aves porque a planta é fornecida in natura e contém água. Essa descoberta só foi possível graças às pesquisas lideradas pelo professor Fábio, gerando economia de 30% aos produtores.

Polos agroalimentares: mais pesquisa e inovação

O PAF está sob a coordenação do Instituto Parque Tecnológico de Alagoas, que tem concentrado esforços para garantir o melhor funcionamento dos polos agroalimentares de Batalha e Arapiraca, previstos para serem inaugurados em abril deste ano, e que vão melhorar o desenvolvimento das cadeias produtivas das regiões onde estão inseridos. Para isso, o parque tem buscado convênios e parcerias, integrando as instituições de ensino, público e privado, empresas e governos – federal, estadual e municipal. As obras dos dois polos, incluindo equipamentos de alta tecnologia, custaram R$ 12 milhões, através de parceria entre o Governo Federal, pelo Finep, e Governo de Alagoas.
O Parque tem como objetivo fornecer soluções científicas e tecnológicas que contribuam para o desenvolvimento das cadeias produtivas estratégicas de Alagoas, responsável pela gestão dos polos tecnológicos agroalimentares de Batalha e Arapiraca, e o Polo de Tecnologia da Informação, Comunicação e Serviços, em Jaraguá.

Polo de Batalha

Para garantir o melhor aproveitamento das instalações e equipamentos tecnológicos do Polo de Batalha, cujo papel é trabalhar para incrementar a produção de leite e derivados, principal economia da região, com investimento em pesquisa, a gestão do Parque Tecnológico de Alagoas está em negociação com a direção do Ifal – Instituto Federal de Alagoas para que cursos ligados ao Pronatec, que serão disponibilizados em Batalha, ocorram na sede do Polo, já a partir deste ano.

Capacitação

Desde 2013, quando o Parque Tecnológico assumiu a gestão do PAF em Alagoas, numa parceria com o Sebrae e a Seagri – Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Agrário, já foram capacitadas mais de 800 famílias em 17 municípios alagoanos para a criação de aves, com o objetivo de aumentar a renda familiar e a produção local. Além das famílias, técnicos das prefeituras receberam treinamento para que possam capacitar outros funcionários.
Expectativa com a chegada dos polos agroalimentares
O coordenador do Núcleo de Pesquisas da Uneal, Fábio Sales, diz esperar que os polos agroalimentares contribuam com um ambiente tecnológico adequado às pesquisas que tragam benefícios aos produtores da região de Arapiraca e de Batalha e que sirvam de elo de aproximação entre o que é produzido em pesquisas nas instituições de ensino e às necessidades dos agricultores e produtores rurais.

“As pesquisas trouxeram conhecimento sobre como usar as nossas próprias plantações para melhorar a nossa produção. Espero que os polos agroalimentares tragam mais benefícios e mais conhecimentos”, afirma o produtor Jorge Luis de Santana.
O bolsista da Uneal Jussiede Silva Santos, responsável pela pesquisa que avalia o farelo de palma na alimentação de codornas, aposta que os polos agroalimentares vão contribuir ainda mais para que pesquisas realizadas nas universidades e nos próprios polos cheguem ao agricultor e ao pequeno produtor e que possam ajudar a melhorar a produção e a reduzir custos.
Para o secretário da Ciência, Tecnologia e Inovação de Alagoas, Eduardo Setton, os polos farão a integração entre a academia (universidades e instituições de ensino e pesquisa), os órgãos governamentais e os setores produtivos, gerando resultados concretos para a sociedade. “Já imaginou isto em escala e em diversas áreas, contribuindo para a solução de nossos problemas sociais? É o que vai acontecer com a estrutura do Parque Tecnológico de Alagoas e seus polos. Ações como essa vão ser ampliadas e outras aplicações virão em diversas áreas. A estrada do nosso futuro está pavimentada”, reforça.

Agência Alagoas

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