Consumo de café no Brasil cai ligeiramente em 2013

Consumo de café no Brasil cai ligeiramente em 2013

O consumo interno de café no Brasil apresentou uma leve retração de 1,23% em 2013, totalizando 20,08 milhões de sacas de 60 quilos, em comparação com 20,33 milhões de sacas em 2012. Os dados fazem parte de relatório dos Indicadores do Consumo de Café no Brasil – 2013, divulgado nesta segunda, dia 17, pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

A Abic atribui esta ligeira retração ao fato de que a mesa do café da manhã ganhou inúmeras novas opções de bebidas prontas para o consumo, como sucos, achocolatados, bebidas à base de soja, etc. Embora ainda sejam pouco consumidas, essas bebidas têm apresentado crescimento bastante elevado e concorrem com o café, explica a Abic, em nota.

O consumo per capita foi estimado pela Abic em 4,87 kg café torrado por habitante por ano, em comparação com 4,98 kg café torrado por habitante/ano em 2012.

O consumo doméstico de café atinge cerca de 95% dos lares, mas mantém-se estável, enquanto outros produtos ou novas categorias crescem acima de 20% ao ano, como é o caso do suco pronto (25%) e as bebidas à base de soja (29%), segundo pesquisas complementares da Kantar Worldpanel.

Essas categorias de maior valor agregado desafiam a indústria de café para a inovação e para a retomada de índices de crescimento maiores, o que pode ocorrer com a oferta de cafés de melhor qualidade, diferenciados e certificados – sugere a Abic.

Os preços do café nas prateleiras do varejo diminuíram ao longo de 2013. O valor médio do quilo caiu de R$ 14,82 em janeiro 2013 para R$ 12,55 em dezembro passado, com queda de 15%, para os cafés tipo ‘tradicionais’, segundo pesquisas feitas no varejo paulistano. O café em pó representou 87,4% das vendas, em valor. Os novos produtos, como cápsulas, café com leite e cappuccinos, representaram cerca de 3,5%, em valor, mas cresceram até 33%, em virtude da forte demanda.

O café continua sendo um produto barato para os consumidores, considerando principalmente o seu custo por xícara após a preparação, diz a Abic. Nas prateleiras, o aumento do produto variou de R$ 10,15/kg, nos cafés tipo tradicionais, em janeiro de 2008, para R$ 12,65/kg em janeiro passado, um acréscimo de somente 24,6% em seis anos. O aumento, de acordo com a Abic, refletiu a alta do grão no início de 2013, mas depois recuou.

O grande consumo ainda se concentra nas classes C e D que, segundo a AC Nielsen, vem procurando produtos com melhor qualidade, mesmo com preço superior, o que representa uma mudança de padrão de compra importante. Cafés gourmet e certificados parecem ser a nova tendência dos consumidores para os anos futuros, em um movimento natural de valorização da qualidade e da certificação.

Cerca de 81% dos gastos na categoria café são feitos em supermercados, para abastecer principalmente o lar. Fora do lar, o principal canal de vendas são as padarias, que respondem por 64% dos gastos da categoria. As cafeterias, apesar do seu crescimento vertiginoso, ainda respondem por 50% dos gastos da categoria café. Isto significa que consumidores degustam o produto em padarias e em cafeterias, no mesmo dia.

Número de indústria

A Abic considera que diminuiu o número de indústrias de café no país em 2013. Segundo a associação, contribuiu para esta redução a constatação da queda do número de empresas de pequeno porte. No fim de 2012, a entidade contabilizava 1.490 indústrias no país, de todos os portes, que atuaram no mercado nos últimos quatro anos, e no fim de 2013 esse número foi de 1.428 torrefadoras. A Abic estima que o volume de vendas do setor de torrado e moído em 2013 tenha sido de R$ 7,3 bilhões.

A redução no volume do consumo interno tem levado a Abic a reforçar a sua tese de que é preciso estimular o consumo de café, investindo muito mais em marketing, publicidade, diferenciação e inovação de produtos. O comportamento dos consumidores tem sido o de ampliar a experimentação e valorizar os produtos com melhor qualidade, certificados e sustentáveis.

Esta opção pelo café precisa ser estimulada utilizando-se recursos da publicidade para orientar, educar e difundir conhecimentos sobre café e suas qualidades – informa a associação.

O consumo de café fora do lar, no entanto, continua crescendo, representando 36% do consumo total, com um número cada vez maior de cafeterias, restaurantes, padarias e pontos de dose, quase todos eles oferecendo cafés de qualidade boa a ótima. Da mesma forma, o consumo dos cafés porcionados, seja em sachês ou em cápsulas, bem como a forma tradicional de café torrado em grão para uso em máquinas automáticas e profissionais, alcança níveis de crescimento acima de 20% ao ano, embora ainda seja a menor parte do mercado. As cápsulas estão presentes em 0,6% dos lares, segundo pesquisa da AC Nielsen, em 2012/2013.

O número de máquinas de café expresso domésticas ultrapassou 850 mil unidades, conforme levantado pela Kantar Worldpanel, no fim de 2012. Os novos tipos de equipamentos para preparação de cafés filtrados, em sachês, por exemplo, ultrapassam 300 mil unidades.

No caso dos cafés em cápsulas, a evolução deste segmento foi muito acentuada no ano 2013. Surgiram novas empresas importadoras de cápsulas e de máquinas, bem como, outras que já montaram suas instalações industriais e produzem localmente.

Cerca de 10 novas empresas já atuam neste mercado, o que vai tornar a concorrência bastante intensa num segmento de alta tecnologia e alto valor agregado – observa a Abic.

Enquanto as vendas dos cafés tradicionais em pó ampliaram 4,7% em 2013, os cafés em cápsulas ganharam 36,5% em vendas.

Outra inovação importante são as lojas virtuais, servindo como canal de distribuição para cafés de alta qualidade, de origens brasileiras e estrangeiras bem como, máquinas e acessórios ou equipamentos para preparo de cafés filtrados e ‘espressos’. Por esta razão, diz a Abic, o volume de importação de café industrializado em 2013 alcançou US$ 32,8 milhões em comparação com US$ 15,7 milhões em exportações de café torrado/moído.

A expectativa da indústria para 2014 é a de contornar eventuais dificuldades com o suprimento de matéria-prima, em virtude das notícias de possível redução da safra de café, prejudicada pela seca deste início de ano. Os custos aumentarão e as empresas eventualmente deverão reavaliar suas operações.

Conforme a Abic, oferecer produtos de maior valor agregado é uma forma importante de escapar de crises no setor.

A indústria precisa estar atenta aos efeitos da seca na qualidade da safra que será colhida no ano – ressalta a associação.

Em 2014, a Abic estima a retomada do crescimento do consumo interno de café, ao nível de 3% a 4%, com maior procura por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os gourmet.

 

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