Denúncias anônimas crescem e se tornam aliadas da polícia em AL

Denúncias anônimas crescem e se tornam aliadas da polícia em AL

Apenas uma ligação gratuita e anônima para o telefone 181, número do Disque Denúncia, pode colocar um fim a uma ação criminosa. Aos poucos, essa consciência vem se difundindo entre a população, que também percebe o seu poder de atuação diante da violência. É essa a mudança apontada nos registros da inteligência da Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds). Nos últimos três anos, 21.700 mil ocorrências já foram registradas pela ferramenta, que aponta no topo desse ranking denúncias de tráfico de drogas, foragidos e roubo.

“O cenário atual é mais animador do que quando todo esse sistema foi estruturado, mas essa interação da população ainda pode melhorar bastante”, revela o Capitão da Polícia Militar, Roberto Feliciano. De acordo com ele, a desconfiança do anonimato ainda é um grande empecilho na hora de realizar a denúncia. Ele explica que o sistema utilizado pelo serviço foi desenvolvido especialmente para preservar o autor da informação.

“Não existe identificador de número, nada é gravado, a ligação é gratuita e pode ser feita por qualquer telefone, em qualquer parte do Estado. Quando os nossos atendentes recebem o chamado, apuram a ocorrência e a encaminham ao órgão de sua competência. O único rastro de cada chamado é um código que é gerado, para que aquelas informações estejam de fácil acesso sempre que precisarem ser consultadas”, explica Feliciano.

Desde o ano passado, essas denúncias também podem ser feitas através do site http://disquedenuncia.seds.al.gov.br. Da mesma forma que ao telefone, a Defesa Social garante total sigilo, o usuário não precisa se identificar. O procedimento exige a resposta de perguntas de costume, que vão ajudar a apurar o caso. Por sua vez, também são encaminhadas para analistas que verificam a pertinência dos fatos, e o seu encaminhamento para um banco de dados.

Quando o Disque Denúncia passou a funcionar como é conhecido hoje, em 2011, a corporação contabilizava uma média de cinco denúncias diárias. Com a divulgação do serviço e a atuação mais incisiva do Programa Brasil Mais Seguro em Alagoas, chegaram a 27 por dia. Hoje, a Defesa Social trabalha com aproximadamente 40. Ano passado, foram mais de 15 mil denúncias, que ajudaram na reclusão de 243 criminosos, apreensão de 65 armas de fogo e mais de 30 kg de drogas.

Maceió ainda é a cidade com o maior número de denúncias, seguida por Arapiraca. De acordo com o Coronel Feliciano essa incidência é natural, já que são as duas maiores cidades do Estado e, consequentemente, contam com mais habitantes e mais delitos. Justamente por isso, ele ressalva a importância da população não se calar.

“Os dados provenientes das ocorrências alimentam um banco de informações que são utilizados tanto na resolução policial, quando na análise criminal, então eles agregam valor a todo o planejamento de ações que pode vir a ser realizado para sanar áreas de risco para a sociedade”, garante o Coronel.

Entre os casos mais noticiados, que contaram com denúncias anônimas pelo telefone 181, está a prisão do vigia Evandro Bezerra da Silva, peça fundamental para o desenrolar do caso Mércia Nakashima. Ela foi assassinada em 2011 pelo ex-namorado, o advogado e policial militar reformado Mizael Bispo, em São Paulo, e sua família chegou a ser extorquida pelo vigia, em troca de informações. Após a sua captura, no interior de Alagoas, em 2012, o caso foi solucionado e Mizael julgado culpado.

Para o coronel Feliciano, a denúncia é o fio condutor que dá um norte ao processo de investigação, que por sua vez só pode existir se for levada a sério por todas as partes envolvidas. “A pessoa que nos liga e contribui com alguma informação é tida como uma aliada, e sabe disso. Os trotes que recebemos são muito poucos, em sua maioria crianças, mas nada elaborado que chegue a uma ocorrência inventada. Para nós, isso só mostra que a população está levando a sério esse trabalho, e vê resultados”, conclui.

Agência Alagoas

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