Frete para açúcar deve subir até 10% em 2014/15, com alta do diesel

Frete para açúcar deve subir até 10% em 2014/15, com alta do diesel

O setor sucroalcooleiro deve pagar fretes de 5% a 10% mais altos para transportar açúcar no ano-safra 2014/2015, que se inicia em abril. Representantes atribuíram o incremento ao diesel, cujo preço subiu 8% em novembro, e à limitação logística da Copersucar, que teve suas instalações para recebimento do produto comprometidas no incêndio de outubro passado.

A Copersucar, maior trading de etanol e açúcar do mundo, tinha uma capacidade para embarcar 10 milhões de toneladas por ano pelo terminal que possui em Santos (SP), mas esse volume só deve ser retomado novamente em fevereiro do ano que vem. Por enquanto, a capacidade é de 250 mil toneladas por ano.

Dados do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Grupo Esalq-LOG) mostram que levar açúcar da região de Ribeirão Preto (SP) para o Porto de Santos já está 5% mais caro na comparação anual, em torno de R$ 94 por tonelada. Usinas localizadas em Mato Grosso chegam a pagar R$ 168 por tonelada, valor 8,6% maior frente ao registrado no início de 2013.

– Os investimentos em portos e em estradas não aconteceram e, além disso, o combustível ficou mais caro – disse José Carlos Hausknecht, sócio-diretor da MB Agro.

Paralelamente, “a Copersucar está exportando menos pelo seu terminal”, complementa o consultor de negócios estratégicos da Archer Consulting, Antonio Petzold.

– Dessa forma, o açúcar que chegaria lá por ferrovia terá de ser desviado por caminhão para outros locais – explicou.

Para o coordenador do Grupo Esalq-Log, Thiago Péra, o incêndio no porto seco de Santa Adélia, na região de São José do Rio Preto (SP), ocorrido em outubro, também afetou o parque ferroviário local e dificultará o escoamento do produto da região. Ele destaca que o frete poderá subir neste ano também se houver um rompimento de contratos entre a Rumo Logística e a América Latina Logística (ALL).

– As chances são pequenas, mas, se isso acontecer, aumentaria a demanda por serviço rodoviário – disse.

A Rumo é o braço logístico do Grupo Cosan e seu terminal em Santos tem capacidade para exportar 12 milhões de toneladas de açúcar ao ano. A ALL, entretanto, afirma que há um desequilíbrio na parceria para transporte de açúcar e ameaça rompê-la.

Concorrência

Os representantes comentam, ainda, que mais uma vez os embarques de açúcar concorrerão com os de grãos. E os prognósticos apontam para uma disputa difícil. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2013/2014 de grãos deve ser recorde, de 186,86 milhões de toneladas, ou 4,8% mais que o visto em 2012/2013. O peso dessa concorrência, dizem, deverá ser sentido principalmente nos primeiros meses de safra de cana, como abril e maio, período de forte exportação de soja.

Hausknecht, da MB Agro, prevê dificuldade para contratação de motoristas para transporte de produtos agrícolas.

– Está faltando mão-de-obra, refletindo ainda as regras da Lei dos Caminhoneiros – que entrou em vigor no ano passado, afirmou.

– E hoje os caminhões também pagam por eixo, independente de o pneu estar no chão ou não – acrescentou Petzold, da Archer Consulting, enumerando mais um item que deve elevar o frete de açúcar em 2014/2015.

Preço do açúcar

O mercado global de açúcar vive um período difícil e registra preços no menor nível em mais de três anos. Relatório mensal da Organização Internacional do Açúcar (OIA) mostra que o preço médio diário calculado pela entidade começou janeiro em 16,46 centavos de dólar por libra-peso, mas caiu abaixo de 15 centavos por libra-peso em 29 de janeiro. Essa foi a primeira vez desde julho de 2010 que os valores caíram abaixo de 15 centavos, diz a entidade.

Após essa queda dos preços, houve ligeira correção em seguida e a commodity terminou o primeiro mês do ano negociada a 15,55 centavos de dólar por libra-peso, com média mensal de 15,63 centavos.

– A menor média mensal em mais de três anos e meio, desde maio de 2010 – destaca a entidade.

Para a OIA, dois motivos principais estão por trás da fraqueza do mercado global de açúcar. O primeiro deles é o excedente global que continua pressionando os preços para baixo. Além disso, o fortalecimento do dólar (e consequentemente queda das moedas emergentes) reduz o valor do produto que é comercializado em dólar.

A OIA cita como exemplo o mercado de câmbio de dois dos mais exportadores da commodity: só na segunda metade de janeiro, o real brasileiro caiu cerca de 5%. No mesmo período, a rupia indiana perdeu 2%. Isso quer dizer que, apesar de o preço em real ou em rupia continuar o mesmo, o preço em dólar diminui no mercado internacional.

Além disso, a entidade nota que os fundos de hedge aumentaram a posição vendida no mercado futuro. No jargão financeiro, “estar vendido” representa crença de que os preços cairão mais à frente e, por isso, o investidor pode ter lucro se deixar para comprar o produto no futuro.

Rural Br

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Redação

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