Alagoas perde mais de 15 mil empregos com crise da cana

Alagoas perde mais de 15 mil empregos com crise da cana

Os dados agora são oficiais. De acordo com levantamento da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Alagoas, as usinas reduziram em 30% as contratações de pessoal para trabalhar durante o período da safra de cana, que se estende no estado entre os meses de setembro e março.

“Pelos nossos levantamentos só foram contratados nesta safra cerca de 35 mil trabalhadores rurais, são 15mil trabalhadores a menos se compararmos com as safras anteriores”, aponta Genivaldo Oliveira, presidente da Fetag/AL.

A redução da contratação é reflexo da crise que atinge as usinas do estado. Nesta safra, das 24 usinas, apenas 15 unidades funcionam regularmente e duas unidades (Roçadinho e Laginha) não chegaram sequer a entrar em operação.

Somente a Usina Roçadinho,em São Miguel dos Campos, deixou de contratar dois mil trabalhadores. O Grupo João Lyra que já chegou a contratar mais de 10 mil trabalhadores rurais por safra contratou apenas dois mil e, segundo a Fetag/AL, ainda deve obrigações com o pessoal de safras anteriores.

A perda de empregos no setor sucroalcooleiro foi tema de reportagem no Bom Dia Alagoas, da TV Gazeta, desta sexta-feira. “Este deveria ser um bom momento da economia de Alagoas, época em que as usinas estão moendo a cana-de-açúcar, mas o setor enfrenta uma crise”, disse o jornalista Gilvan Barros ao chamar a reportagem.

“Tem muita gente que está indo embora arriscar no Mato Grosso, no Espírito Santo e até em São Paulo”, diz o diretor da Fetag/AG, Antônio Torres, ao se referir a perda de empregos no Estado.

A crise também afeta os fornecedores de cana. De acordo com o presidente da Asplana, Lourenço Lopes, mais de 1,3 fornecedores ainda não receberam o pagamento pela matéria-prima fornecida de na safra anterior. “Tivemos fornecedores vendendo imóveis, um gado,até parte da terra para sobreviver e honrar seus compromissos”, aponta Lopes.

A origem da crise está no mercado. De acordo com a reportagem as usinas gastam pouco mais de R$ 1 mil para produzir uma tonelada de Alagoas, mas só conseguem receber R$ 855.

Na conta que não fecha, quem perde é a economia do estado. A safra 13/14 deve chegar a 22,5 milhões de toneladas e o Estado. Em relação a média história, que fica na casa de 27,5 milhões de toneladas, são 5 milhões de toneladas a menos, o que equivale a uma perda entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões, pelos preços de hoje.

A crise financeira internacional, a seca e congelamento dos preços dos combustíveis são apontados como principais problemas do setor. “O governo precisa proporcionar preços compatíveis com níveis de custos suportados pelas empresas”, aponta Pedro Robério Nogueira, presidente do Sindaçúcar-AL .

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Edivaldo Junior

Edivaldo Junior

Edivaldo Junior é jornalista, colunista da Gazeta de Alagoas e editor do caderno Gazeta Rural

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