Pesquisadores do Brasil e da Coreia do Sul discutiram pesquisas em parceria para a agricultura familiar brasileira em um workshop realizado em Brasília, nos dias 18 e 19 de dezembro. O evento reuniu cientistas da Embrapa, do Instituto de Desenvolvimento da Coreia (KDI), Instituto de Economia Rural da Coreia (KREI), Universidade Chungang, Universidade Nacional de Seul e Universidade de Seul.
O grupo trabalha no desenvolvimento de projetos de pesquisa em parceria sobre três temas: cultivo protegido, automação e mecanização; tecnologias de gerenciamento de pós-colheita e processamento; financiamento, gestão e cooperativismo.
A ideia é aproveitar no Brasil as experiências de sucesso da Coreia do Sul, um país onde a agricultura de pequena escala é forte e bastante desenvolvida. Nos anos 60, os coreanos iniciaram a chamada “revolução branca” na agricultura, por meio da qual o país consegue produzir alimentos o ano todo, mesmo com um inverno rigoroso.
Graças à revolução branca, o consumo per capita de vegetais no país asiático saltou de apenas 50 quilos por ano em 1965, para 150 quilos atualmente. Nos anos 90, os coreanos alcançaram a autossuficiência em alguns produtos, entre eles o arroz e hortaliças. De acordo com o pesquisador Ítalo Guedes, da Embrapa Hortaliças, o consumo médio do brasileiro é de 30 quilos por ano.
A expansão do cultivo protegido, incentivada por políticas públicas, permite que a Coreia produza hoje hortaliças de alta qualidade. O país é o segundo do mundo em áreas de cultivo em estufa, com mais de 50 mil hectares, atrás apenas da China. Por exemplo, toda a produção de tomate na Coreia é feita dessa forma.
Outros campos em que a agricultura coreana se destaca são na mecanização para pequenas áreas, uso eficiente dos insumos e controle de pragas e doenças, e avançadas tecnologias de pós-colheita, para reduzir perdas no armazenamento e estender a vida útil dos alimentos.
“O objetivo dessa parceria é utilizar a experiência da Coreia nas áreas de cultivo protegido e organização da cadeia produtiva para os pequenos produtores, de forma a agregar valor à agricultura familiar no Brasil”, resume o pesquisador Gilberto Silber Schmidt, coordenador do Labex Coreia, Laboratório Virtual da Embrapa no Exterior sediado naquele país. Os trabalhos de pesquisa devem ser iniciados em 2014.