Feira da Reforma Agrária é aberta e atrai consumidores no Prado

Feira da Reforma Agrária é aberta e atrai consumidores no Prado

 Um café da manhã com carneiro, galinha guisada e macaxeira, entre outras guloseimas, abriu a Feira da Reforma Agrária na Praça da Faculdade, no bairro do Prado, nesta terça-feira (10). A feira  vai até a próxima sexta (13), com mais de 400 toneladas de alimentos produzidos pelos trabalhadores rurais dos movimentos agrários. “Isso aqui é a prova viva do que a gente faz com a terra que a gente conquista”, destacou Josivaldo Oliveira, coordenador do Movimento de Libertação dos Sem Terra. Além da comercialização dos alimentos, todos os dias, a partir das 19h, tem programação cultural.

São 130 feirantes do Litoral, Zona da Mata, Agreste, Sertão e Vale do Paraíba, que trouxeram para comercializar em Maceió animais, alimentos como inhame e macaxeira, e frutas como melancia, laranja e banana. Segundo Josivaldo, a feira é um espaço de diálogo entre o campo e a cidade. “Esses produtos têm a lógica da comercialização solidária, chegam com preços justos, e livres de veneno. São produzidos de forma orgânica, o que demonstra a preocupação com o bem estar e com a saúde de quem consome”, afirmou o coordenador.

ABERTO AO DIÁLOGO

Na ocasião, o secretário de Articulação Social (Seas), Claudionor Araújo, fez uma reflexão sobre a importância de se ter um governo que mantenha o diálogo e a parceria com os movimentos dos trabalhadores do campo. “Muita gente se diz comprometida com o homem do campo mas quando chega no poder, esquece o que disse. Represento aqui o governador Teotonio Vilela Filho, e o vice-governador, José Thomaz Nonô, que se encontra governando interinamente, e compartilho com eles o canal de diálogo aberto e apoio permanente aos movimentos sociais”, avaliou.

Claudionor afirmou que o apoio do governo aos movimentos sociais vai além das feiras agrárias. “O governo tem levado para os acampamentos tudo o que pode. Atendemos no que é possível às solicitações para que os pequenos agricultores possam progredir. Sei que a luta é grande para enfrentar os grandes latifundiários. Quero parabenizar a todos os trabalhadores desse movimento, pois são verdadeiros heróis”, disse.

Como exemplo de governo sensível às questões do agricultor rural, Claudionor lembrou que na semana passada o governador Teotonio Vilela inaugurou o programa Amigo Trabalhador que garante bolsa remunerada e capacitação para milhares de trabalhadores do corte da cana e seus familiares para reduzir os efeitos da entressafra, quando parte da mão de obra fica desempregada.

REFLEXÃO

De acordo com Sebastião Ronaldo, um dos coordenadores do MLST, a feira é uma prestação de contas do agricultor da reforma agrária, e um momento de reflexão. “Setenta por cento dos alimentos produzidos no Brasil saem da agricultura familiar. Aqui em Alagoas, anteriormente, só se produzia cana-de- açúcar mas isso está mudando porque uma fazenda que era de um só dono, por exemplo, hoje é de 100 famílias”, destacou Sebastião. O coordenador lembrou ainda que é preciso fixar o homem do campo no campo. “Temos que resgatar o homem do campo que veio pra cidade grande e hoje está morando em favelas”, disse.

O professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), sociólogo Cícero Albuquerque, afirmou que há um conjunto de pais e mães que, historicamente,

são marginalizados. “É preciso ter a dimensão que são os trabalhadores rurais que alimentam a cidade e os acampamentos são sementeiras. Estas feiras celebram a luta, a produção e a conquista dos frutos compartilhados”, destacou.

Para o secretário de Organização da Central Única dos Trabalhadores  (CUT), Izac Jacson, não só o pequeno agricultor como a população em geral, têm que entender essa reflexão para que se possa cobrar parceria dos poderes federal, estadual e municipal. “Precisamos que haja pessoas nos poderes Executivo e Legislativo comprometidas com o processo de produção agrícola para que a reforma agrária não seja enterrada”, afirmou.

Já a superintendente-adjunta do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-AL), Alessandra Costa, afirmou que não se pode entender a produção agrícola sem agregação de valor e sem comercialização. Lembrou que o país tem uma dívida histórica com os trabalhadores rurais, que passa pela colonização e pela distribuição perversa de terras no Brasil.

“A reforma agrária não depende só do Incra, mas de outros poderes como o Judiciário. E ainda temos uma legislação conservadora. Mas temos um diálogo muito bom com o governo do Estado, como por exemplo, na parceria do programa Água Para Todos”, afirmou.

 

(*) Programação Cultural:

10/Dez.

Diogo Rosa, Micheline Encanta

11/Dez.

Samba da Ladeira, Kleber Canto

12/Dez.

Tanne Dely, Luana Costa (Rezando Alto)

13/Dez.

Zé Linaldo(Pe), Guilla Gomes, Igbonan Rocha (Samba de Nêgo)

 Agência Alagoas

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Edivaldo Junior

Edivaldo Junior

Edivaldo Junior é jornalista, colunista da Gazeta de Alagoas e editor do caderno Gazeta Rural

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