Faltam provas técnicas em denúncia contra Renan, diz advogado

Faltam provas técnicas em denúncia contra Renan, diz advogado

Luís Henrique Machado, advogado que atua na defesa do senador Renan Calheiros, esclareceu durante esta semana detalhes sobre a denúncia marcada para ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo dia 10 de outubro.

O jurista demonstrou confiança, principalmente ao destacar a falta de provas técnicas nas acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra o parlamentar alagoano.

“Todo inquérito carece de qualquer elemento de prova. Essa denúncia referente a dinheiro de campanha é o que chamamos de natimorta. Ela já nasceu morta. É muito difícil avançar. Acredito que o Supremo, por sua tradição, vai fazer uma análise muito criteriosa e irá chegar a conclusão por rejeitar a denúncia”, afirmou o advogado.

Segundo Luís Henrique Machado, a acusação feita por Rodrigo Janot quando era procurador geral é referente a doações de campanhas do ano de 2010, que teriam sido feitas pela empresa Serveng para o diretório nacional do PMDB. O MPF tenta fazer uma ligação entre o dinheiro repassado ao comitê financeiro em Alagoas e a campanha do senador Renan Calheiros.

“Existem várias inconsistências no processo, principalmente no ponto de vista probatório. A principal delas é querer fazer uma ilação que coloca a Maria Inês, já falecida, como responsável por encaminhar o dinheiro para a conta do senador Renan, pelo simples fato de o parlamentar ter ido a seu enterro e colocado uma nota de pesar em seu site pessoal. O que na visão da defesa é um absurdo, já que não existe crime em ir a um enterro e publicar uma nota de pesar, como consta essa informação na página 53 da denúncia”, explicou.

O advogado relata ainda que o senador Renan Calheiros não foi ouvido e, na época, sequer a Polícia Federal havia concluído o inquérito. “O Janot ofereceu a denúncia antes de estar em posse dos autos. Na época, tomou um puxão de orelha do falecido ministro Teori Zavascki porque a Polícia Federal não tinha concluído seus trabalhos. Foi uma denúncia oferecida no calor do momento, quando o STF havia determinado o retorno do senador para a presidência do Congresso Nacional. É uma denúncia de fato capenga”.

Para Machado, faltou o Ministério Público reunir provas concretas nesse inquérito e não apenas se basear em delações premiadas. “O ex-procurador tinha um modo de entender o processo penal e trabalhar as delações premiada apenas como citações. Não se abre inquérito só com citações. O senador Renan foi sendo citado por delatores, a maioria em busca de acordos para diminuir a pena. E foram sendo instaurados um, dois, três, quatro inquéritos. O que se noticia é que o senador é o recordista de inquéritos no Supremo. O fato é que existe um julgamento precipitado por parte da sociedade e da imprensa, onde apontam dezessete inquéritos, com situações de denúncias sem provas. Com todo respeito ao ex-procurador, mas denúncias esdrúxulas”, apontou.

De acordo com a defesa, não existem provas contra o senador Renan Calheiros. Isso porque o próprio Paulo Roberto Costa, que é o delator do caso, não sabe se o senador Renan recebeu dinheiro, não sabe quanto teria sido. “Ele fala que a pessoa que agiria em nome do senador Renan Calheiros, seria o deputado Anibal Gomes, sendo que o senador jamais autorizou qualquer pessoa a utilizar seu nome. É um jogo de suposições, sem provas, que termina sendo uma acusação até injusta por parte da Procuradoria-Geral da República”.

Algumas citações do ministro Teori Zavascki, quando atuava como relator da Lava-Jato, embasam os argumentos do advogado. “Quando o ministro era vivo, ele disse que se tratava de uma denúncia vazia. Analiso que o ministro Teori foi uma das maiores autoridades em matéria penal. Como ele demonstrou não acreditar nessas denúncias, isso nos dar um conforto moral e intelectual grande para o que será decidido pelo STF”, completa Machado.

Edivaldo Júnior

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