Divulgo, por solicitação do engenheiro Geoberto Espírito Santo, um dos nomes mais respeitados do país no tema, as conclusões do Projeto Teatro da Energia – apresentação/debate realizado em duas etapas pelo Clube de Engenharia de Alagoas.
O tema central do projeto “Suprimento de energia ao Nordeste: a solução por Alagoas” foi alvo de debates e propostas.
A seguir, as conclusões enviadas por Geoberto.
SUPRIMENTO DE ENERGIA AO NORDESTE: A SOLUÇÃO POR ALAGOAS
CONCLUSÕES DO TEATRO DA ENERGIA
Promoção: Clube de Engenharia de Alagoas – Patrocínio: MUTUA
Apoio: CONFEA / CREA – AL
Organização: GES Consultoria, Engenharia e Serviços
• A geração hidráulica barata foi fator impeditivo para que outras fontes de energia pudessem ser competitivas no Brasil. Mas ela acabou: já migramos de um sistema hidráulico para um hidrotérmico;
• As fontes de energia que suprem o Nordeste atualmente são, em ordem decrescente: eólica, térmica, transferência de outras regiões e hidráulica;
• O bagaço da cana na geração de eletricidade em Alagoas não alcançou a melhor eficiência em seu uso. A luta das usinas de açúcar hoje é pela sobrevivência, sem capacidade de investir para gerar excedentes de energia;
• A transformação do parque sucroalcooleiro abre espaços para o desenvolvimento do eucalipto e do bambu como fontes de energia;
• Os melhores ventos do mundo estão no Nordeste e a indústria eólica se desenvolveu na Região. O fator de capacidade medido em Alagoas, inferior ao de outros Estados, ainda não favoreceu a instalação de usinas eólicas aqui;
• Solar fotovoltaica é a nova esperança de Alagoas, mas faltam políticas públicas e regulatórias para o seu aproveitamento e desenvolvimento;
• A UFAL é a única universidade federal no Nordeste que não possui Curso de Engenharia Elétrica, fator de dificuldade para a pesquisa e para uma maior aproximação entre a academia e o setor produtivo no campo da energia.
• O El Niño, a cobertura das nuvens e as correntes marinhas têm uma grande influência nas elevações de temperatura no ciclo atual. O aquecimento da terra é natural, não é culpa das ações antropogênicas, e no próximo ciclo deverá haver um resfriamento;
• Modelos não preveem mudanças no clima e o efeito estufa nunca foi provado cientificamente. Não há como explicar as catástrofes meteorológicas e não se deve confundir esses fenômenos com a vulnerabilidade social;
• A conservação ambiental é uma questão de sobrevivência da espécie humana, mas o CO2 não controla o clima, ele não é problema para o aquecimento da Terra. Para se chegar a uma economia de baixo carbono não deve ser colocado no setor elétrico a total responsabilidade, sendo o sistema de transportes o que mais pode contribuir para tal;
• A produção de eletricidade com solar e eólica é uma tendência inquestionável e pode chegar a um nível de penetração de 30% em 2060. Mas elas não proporcionam a segurança energética porque são intermitentes, não funcionam as 24 horas do dia, devendo para tal, o planejamento do suprimento iniciar leilões separados de lastro (quantidade) e energia (disponibilidade);
• Por serem intermitentes, fontes de geração eólica e solar precisam de geração de base, que podem ser hidráulicas e térmicas, nelas contidas o carvão, o gás natural e a nuclear. Atualmente, o gás natural é o energético que mais se adapta às relações custo x benefício para uma geração de base que proporcione a segurança energética do País;
• Com a estagnação do crescimento do setor petróleo e o uso reduzido do carvão, um grande desafio é o que fazer com esses ativos ociosos, que envolvem, respectivamente, empresas estatais e privadas;
• Um percentual de 100% de fontes renováveis com intermitência pode existir em microgrids. Num sistema elétrico de potência só será possível com armazenamento, mas, no momento, as tarifas daí resultantes seriam insuportáveis pela competitividade industrial e pelo consumidor em geral.
—
Edivaldo Júnior