Emails, mensagens de texto e no Wattsapp e até foto em outdoors. Os movimentos contra e a favor do impeachment tentam pressionar os deputados federais e senadores de todos os jeitos.
A pressão das “ruas” não tem produzido o impacto necessário sobre os parlamentares até o momento ou não tem sensibilizado o suficiente para que decidam por um lado ou pelo outro.
Quem já decidiu votar a favor ou contra leva em conta outros fatores.
Na oposição, os deputados Pedro Vilela (PSDB) e JHC (PSB) seguem a orientação de seus partidos e bancadas e foram os primeiros a se posicionar a favor do impeachment, antes mesmo do processo ser aberto.
Na base do governo, Paulão (PT) e Givaldo Carimbão (PHS), se posicionam contra, seguindo critérios que incluem a relação com o governo e a orientação partidária.
E está este caminho, o da orientação partidária, além dos cargos no governo, que deve levar os “indecisos” a se posicionar contra o impeachment.
Na relação dos indecisos estão Ronaldo Lessa (PDT), Maurício Quintella (PR), Marx Beltrão (PMDB) e Arthur Lira (PP). Deste, os três primeiros, sob pressão cerrada dos dirigentes de seus partidos tendem a votar contra o impeachment. Muito ligado a Eduardo Cunha, embora tenha cargos importantes no governo federal, Arthur Lira não dá sinais de sua posição.
Caixa cheia
Ronaldo Lessa revelou, que já recebeu mais de 6 mil emails até essa quarta-feira, 6, a maioria pedindo que vote a favor do impeachment. O deputado diz que não conseguiu ler nem a metade, mas já percebeu que muitos emails são enviados por eleitores de outros estados.
Na mesma linha, Carimbão diz que a maioria das mensagens que criticam sua posição (contra) vem de estados do Sudeste. “De Alagoas tenho recebido críticas, mas também muitas mensagens apoiando minha posição”, pondera.
Os “fakes” (emails e perfis falsos nas redes sociais) mais atrapalham que ajudam. Segundo especialistas, existem milhares e milhares de “robôs” atuando nas redes sociais, contribuindo mais para confundir do que para decidir.
Muda tudo, todo dia
Como disse aqui –e repito – o “placar do impeachment” muda diariamente, ao sabor das nuvens. Se o vento soprar contra, Dilma sai fortalecida. Se for a favor, imbróglio vai parar no colo do senador Renan Calheiros, presidente do Senado, que ao contrário de Eduardo Cunha, inimigo ferrenho, é um aliado, embora discreto, de peso.
Se a votação fosse hoje o impeachment faltariam pelo menos uns 40 votos para ser aprovado. Mas, repito, muda tudo e tudo muda.
Por conta das mudanças constantes é que iniciativas como o outdoor do Movimento Brasil, espalhado pelas ruas de Maceió, tendem a não dar certo. Na placa, Carimbão que é contra, aparece como indeciso. E Almeida que é indeciso aparece como a favor. O resto está certo, mas só por hoje.
Almeida, um caso a parte.
A posição de Cícero Almeida (PMDB) tem sido a mais confusa até o momento. Ele diz que votará com o povo, mas não revela sua posição. Se votar a favor do impeachment, vai contrariar o presidente do seu partido em Alagoas, o senador Renan Calheiros. Se votar contra, terá “dor de cabeça” com eleitores faltando poucos meses para ele disputar a eleição de prefeito da capital.
Nesta quinta-feira, Almeida declarou no blog do Vilar que não está indeciso, mas que decidiu só revelar a posição no dia da votação.
EJ