“Intransigência” da Eletrobras pode provocar centenas de demissões na Fábrica da Pedra

“Intransigência” da Eletrobras pode provocar centenas de demissões na Fábrica da Pedra

A Fábrica da Pedra, indústria têxtil que emprega diretamente 586 trabalhadores em Delmiro Gouveia, no sertão de Alagoas, teve suas atividades interrompidas na segunda-feira, 28, em decorrência de corte de energia da unidade realizado pela equipe local da Eletrobras/AL.

O corte no fornecimento de energia criou um clima de apreensão entre os trabalhadores da indústria. A direção da empresa concedeu férias a todos os trabalhadores – sendo parte vencida e parte férias coletivas.

O gerente geral da fábrica, Luiz Anhanguera Lessa, explicou que o atraso no pagamento da energia foi decorrente do aumento de despesas no último ano e queda no faturamento, em razão da crise na economia nacional.

“Íamos pagar o mês de fevereiro quando a energia foi cortada”, revelou Anhanguera.

Entenda o corte

O corte de energia ocorreu no dia 28 de março,  com a unidade em plena operação. Naquele momento a indústria tinha uma conta em atraso, de cerca de R$ 725 mil, vencida em 28 de fevereiro.

Diretores do Grupo Carlos Lyra, controlador da fábrica, e o gerente geral da indústria, pediram mais dois dias de prazo para realizar o pagamento. “A empresa tinha assegurado os recursos para fazer o pagamento no dia 30”, explica o gerente.

Depois do corte, uma segunda fatura, no valor de R$ 540 mil, foi vencida no dia 30 de março.

O gerente geral explica que após o corte a empresa decidiu usar o dinheiro seria destinado à Eletrobras para pagar os colaboradores. “Como as atividades paradas, decidimos priorizar os trabalhadores”, explica.

Após o corte a empresa apresentou proposta de parcelamento da dívida, que até esta sexta-feira não tinha sido aceita pela Eletrobras.

Eletrobras não comenta o caso

A assessoria de comunicação da Eletrobras Alagoas informou ao blog  que a empresa não vai se pronunciar sobre o corte de energia na Fábrica da Pedra.

Corte poderá custar centenas de empregos

A Fábrica da Pedra não será fechada, assegura o diretor do Grupo Carlos Lyra, empresário Fernando Farias. O corte de energia, no entanto, deve forçar uma reestruturação na unidade. A indústria vinha funcionando com déficit operacional há alguns meses, em função da crise.

Orientada por consultores, a direção do Grupo Carlos Lyra vai colocar em execução um plano de reestruturação, que prevê a desativação temporária de alguns setores. Toda a produção será direcionada para a fabricação de tecidos voltados à confecção de marcas próprias.

Religada a energia, a indústria deve voltar a operar com menos da metade de sua capacidade (cerca de 1,5 milhão de metros de tecidos por mês) e manter em operação apenas setores que não estão deficitários. Em razão disse, a direção admite será necessária a demissão de colaboradores – em números que pode passar de dezenas e até centenas de empregos.

Um cliente de R$ 23 milhões

Em 2015, o Grupo Carlos Lyra pagou à Eletrobras mais de R$ 23 milhões pelo fornecimento de energia – sendo cerca de R$ 12 milhões da Caetés e R$ 11 milhões da Fábrica da Pedra.

A diretoria do grupo informou que não pediu tratamento diferenciado, mas esperava um pouco mais de tolerância da Eletrobrás (os dois dias pedidos), para evitar perdas na produção, no faturamento da indústria e, principalmente, de postos de trabalho.

Repercussão

A decisão da Eletrobras preocupa o prefeito Lula Cabeleira e vereadores de Delmiro Gouveia. A prefeitura mandou um advogado acompanhar o caso e ofereceu apoio à indústria. O vereador Edvaldo Nascimento, do PCdoB, lamentou da “intransigência” da Eletrobras, que coloca em risco centenas de empregos e deixa a cidade de Delmiro Gouveia em total apreensão.

“Foi uma medida muito dura, desnecessária. A Eletrobras deveria levar em conta o papel da Fábrica da Pedra não só para Delmiro Gouveia, mas para toda a região. Nesse momento, o clima na cidade é o pior possível. A interrupção da operação na indústria, ainda que temporária, compromete a economia de todo o município”, alerta.

EJ

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Redação

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