Recuperação de nascente leva água para mais de 500 famílias capelenses

Recuperação de nascente leva água para mais de 500 famílias capelenses

Os moradores da Rua do Alto e Maria Moraes, em Capela, viveram mais de 50 anos com dificuldades de conseguir água até para saciar a sede, em tempos de estiagem. Para resolver esse problema, em maio de 2015, o Governo do Estado de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), recuperou a nascente da grota Cafuba, beneficiando mais de 500 famílias em todo município.

Por décadas, a geografia acidentada da região foi pretexto para inviabilizar as encanações do serviço de abastecimento local. Após uma série de estudos topográfico, biológico e geográfico, técnicos da Semarh comprovaram o contrário e possibilitaram o aproveitamento da inclinação do terreno em favor da obra, além de conduzir a revitalização e a educação ambiental na comunidade.

De acordo com Adolfo Barbosa, técnico da Semarh, a parceria com a população foi fundamental para viabilidade do projeto. Com o apoio dos capelenses, a equipe de pesquisadores pôde identificar a fonte, realizar as avaliações de qualidade da água e revestir com pedras o perímetro. As margens da nascente foram isoladas para proteger a área, evitando a degradação e garantindo o recurso por muitos anos.

“A entrega da nascente completamente revitalizada e o trabalho de orientação, para preservar a mata nativa, vai evitar danos à natureza. Como o processo de captação da água faz uso da força gravitacional, a secretaria pode distribuir as torneiras em pontos estratégicos, proporcionando maior conforto à população”, destacou o técnico.

Programa de recuperação de nascentes do governo de alagoas muda a rotina da vida de centenas de capelenses

Antes da recuperação da nascente, os moradores das comunidades da Rua do Alto e Maria Moraes, geralmente tinham acesso à água potável apenas uma vez por mês, com a chegada do carro pipa. Dona Rosete da Silva, de 53 anos, relata que foram incontáveis vigílias em torno de cacimbas alheias, esperando que a água vertesse da terra, para conseguir um balde com água para cozinhar e beber.
“Passei muito tempo da minha vida pegando água nas cacimbas dos vizinhos, mas, às vezes, nem nos poços era possível encontrar, por conta da estiagem. Já passamos mais de dois meses sem consumir água doce”, desabafou Rosete.

Na casa de dona Maria José de Oliveira Silva, 60 anos, antiga moradora da região, vivem oito pessoas. Todos os dias, filhos adultos, noras, genros e netos que dividem o mesmo teto e as mesmas dificuldades, enfrentavam duas longas jornadas ao dia.

Limitada por seus problemas nos ossos e articulações, Maria José, apoiada por seus parentes, andava por mais de 40 minutos até chegar à nascente Cafuba, no alto do morro, para ter acesso à fonte que jorrava a água límpida e fresca.

“Todos da minha casa tinha que acordar cedo, para carregar um balde embaixo dos braços ou na cabeça, nem as crianças eram poupadas. Ou era assim ou aparava água da chuva, pedia para quem tinha, mesmo que fosse em outro canto da cidade, sem água é que não podia ficar”, revelou Maria José.

O cotidiano dos habitantes da Rua do Alto e Maria Moraes mudou. Ao invés de se preocuparem diariamente em encarar a estrada em busca de água, hoje descansam e se distraem sabendo que tem água na torneira.

Para Fabiana de Oliveira Silva, de 29 anos, desde que chegou em Capela, sempre foi difícil encontrar água encanada ou nas cacimbas. Hoje, algumas casas já possuem encanação, mas as cinco torneiras instaladas em pontos estratégicos na comunidade facilita o acesso das pessoas à água potável, seja morador da rua do alto ou não.

“Melhorou tudo graças a Deus. Agora temos água pura para consumir de todo jeito. Seja na cozinha, no banho ou para limpeza, sabemos que podemos usar e não vai faltar. Antes vivíamos em filas pra pegar poucos litros, agora praticamente em toda esquina tem uma torneira funcionando e podemos pegar o quanto precisar”, destacou Fabiana.

Os beneficiados dos programas de recuperação das nascentes recebem um líquido apropriado para o consumo, gratuitamente e estão cientes da importância em manter a nascente intacta para não causar danos no fornecimento.

Uma média de 300 litros de água por hora flui da nascente da grota Cafuba, continuamente. Em seguida, é armazenada em ambiente fechado, para evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue e redistribuída à população por meio de uma tubulação especificamente higienizada. Faz parte do cronograma da Semarh a revitalização de novas nascentes em regiões que sofrem com a escassez, ainda este ano.

Agência Alagoas

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