Alagoas se destaca na preservação da Mata Atlântica

Na contramão do desflorestamento nacional, estado conseguiu reduzir o avanço em 88%
Alagoas se destaca na preservação da Mata Atlântica

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) destacaram a participação de Alagoas na preservação do meio ambiente na mais recente publicação do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. A publicação mostra um levantamento das áreas desmatadas nos 17 estados brasileiros, onde ainda é possível encontrar vestígios desse ecossistema.

O relatório apontou que no período de 2012 a 2013 houve um aumento de 9% na área devastada em todo país. Em 2011 e 2012 o perímetro desmatado abrangia 21.977 hectares. Atualmente, são 23.948 hectares, ou seja, 239 Km² de floresta nacional remanescente estão degradados.

Na contramão dessa perspectiva negativa, Alagoas conseguiu reduzir o desflorestamento em 88%. Com um território abrangente de plantas e animais com características próprias, devido à proximidade do litoral, adaptabilidade climática, os ecossistemas de manguezais, restinga e florestas ombrófilas podem ser encontrados em diferentes regiões do estado.

De acordo com o geógrafo Alex Nazário, consultor do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), aproximadamente 50% da faixa territorial alagoana é coberta pelo bioma de Mata Atlântica e desse percentual, mais de 22% estão abrigados por Unidades de Conservação.

Para o geógrafo, em um estado onde existem menos de 8% de vegetação nativa, é fundamental constituir mecanismos de preservação para manutenção desses índices, além de fortalecer, principalmente, as parcerias vigentes com o Ministério Público Estadual (MPE/AL), Ministério Público Federal (MPF/AL), Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).

“Além das constantes fiscalizações realizadas pelo IMA e seus parceiros, faz parte do nosso trabalho a conscientização ecológica da sociedade. Temos recebido várias denúncias da população e percebemos, ainda, que muitas pessoas têm nos procurado para tornar determinadas áreas em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e tudo isso é muito importante para o desenvolvimento dos nossos projetos”, esclareceu Nazário.

Unidades de conservação ambientais são aliadas na preservação da mata nativa

Outro fator influente na diminuição da devastação da Mata Atlântica em Alagoas é a ampliação das concessões de terras para implantação de reservas ecológicas, como exemplo das RPPNs. As áreas de unidades de conservação em Alagoas equivalem a 741.417,15 hectares protegidos.

Segundo o diretor das Unidades de Conservações do Ima, Ludgero Lima, esse tipo de vegetação atrai interesses técnicos específicos, que a partir da identificação de cada característica pode ser definido o tipo de unidade de preservação ambiental que pode ser implantada.

“Alguns proprietários separam as áreas que gostariam que fossem preservadas. Em seguida dão entrada no Ima com um processo solicitação, através da criação de RPPN ou outras áreas como estações e parques ecológicos, além das reservas biológicas”, afirmou o diretor.

Alagoas é um dos estados que concentra o maior número de Postos Avançados da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RMBA) incluindo Áreas Protegidas Particulares (APPs). Esse grande potencial de conservação da Mata Atlântica é consolidado pela efetivação das parcerias do governo estadual e o sistema de gestão da (RBMA) com o setor sucro-alcoleiro.

Atualmente, algumas usinas de açúcar têm figurado como aliadas na preservação das matas alagoanas, adotando uma postura mais consciente diante da problemática ambiental. Ludgero Lima explica que, nos últimos anos, problemas como o descarte de bagaço de cana e a avinhaça são contornados com reaproveitamento em adubo. São pequenas medidas adotadas pelas indústrias, mas que tem o poder de minimizar os impactos ambientais.

“Acredito que a consciência do empresário mudou, o usineiro que exporta o açúcar deve ter controle de qualidade dentro da empresa para atingir os níveis de qualidade exigidos. Algumas usinas já foram até premiadas pelo Ima, porque procuraram preservar determinadas áreas” ressaltou Ludgero.

Preservação da água é o principal foco dos órgãos ambientais

O histórico de queimadas, desmatamentos clandestinos e o avanço desenfreado dos centros urbanos elevam os registros de crimes ambientais.
A principal preocupação dos ambientalistas é a escassez da água, por isso o foco das áreas demarcadas para conservação são as reservas com nascentes.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos tem buscado investimentos para ampliar os programas de recuperação de nascentes com intuito de preservar as fontes de água, beneficiar mais pessoas que sofrem com a falta dela e evitar situações calamitosas, como ocorreu em São Paulo.

“Sabemos que a falta de água será um grande problema no país todo. Nada melhor que a criação dessas unidades de proteção e manutenção para garantir esse recurso essencial da natureza”, destacou o diretor do IMA.

A legislação brasileira tem evoluído rumo ao aspecto da preservação ambiental, restringindo e punindo as ações que agridem o ecossistema. O novo Código Florestal, hoje, exige dos proprietários de terra que áreas devastadas para plantio, sejam reconstituídas. Muitos estão substituindo esses territórios, por plantações de eucalipto como uma forma de energia sustentável, o que é favorável ao ecossistema de Alagoas.

A criação do Cadastramento Ambiental Rural também é um importante mecanismo no combate aos crimes ambientais praticados no estado. O cadastro foi prorrogado por mais um ano, mas todos os proprietários terão que fazer o cadastramento.

Mais de 127 mil propriedades rurais devem para ser cadastradas, no entanto, menos de 100 realizaram o cadastro até o fim do mês de maio. Com o Cadastro Rural será possível ter um geoflorestamento das áreas e fazer um referenciamento adequado, facilitando o trabalho de monitoramento dos agentes ambientais.

Assim como muitas empresas realizam um plantio de mudas de flora nativa, uma das prioridades do IMA é a criação de um canteiro de mudas para viabilizar plantas às pessoas interessadas em fazer reflorestamento. Independente do tamanho da área do plantio a iniciativa será uma grande contribuição para a resistência da Mata Atlântica alagoana.


Agência Alagoas

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