Após colapso na Lagoa Mundaú, Defesa Civil irá interditar avenida no Mutange

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Falta de informações sobre um eventual colapso às margens da Lagoa Mundaú levou a Defesa Civil de Maceió a interditar a Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, no Mutange, a partir do próximo sábado (28). O órgão ainda recomenda que o percurso do Veículo Leve sobra Trilhos (VLT) seja interrompido na região.

Segundo a diretora operacional da Defesa Civil de Maceió, Joanna Borba, o objetivo da decisão é salvaguardar vidas. A medida foi adotada após o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) atestar que o processo de afundamento está evoluindo.

“A movimentação no bairro, como um todo, ainda não parou. Naquela região ali na parte que vai ser isolada, ela está com uma subsidência mais avançada, mais acelerada. E devido a essa aceleração e a gente não ter monitoramento e poder dar um alerta em tempo ágil a gente optou pelo isolamento, porque a Defesa Civil trabalha para salvaguardar as vidas. Então para a gente salvaguardar a gente precisa saber o que está acontecendo. E a gente não tem equipamento necessário para saber se vai acontecer e poder dar um alerta em tempo hábil para as pessoas saírem”, afirma Joanna.

De acordo com a especialista, os equipamentos necessários ao monitoramento deveriam ter sido instalados pela Braskem, conforme previsto pelo acordo de cooperação técnica firmado com a Prefeitura de Maceió. No entanto, Joanna diz que o processo deve levar algum tempo até que seja concluído.

“Existe um temo de cooperação em que a Braskem vai instalar alguns equipamentos necessários para fazer esse monitoramento. O termo de acordo foi assinado recentemente, já existe um projeto de estudo para a compra dos equipamentos, mas não são equipamentos que se acham facilmente. É um pouco mais difícil, então vai demorar um pouco para esses equipamentos chegarem. E até que esses equipamentos estejam instalados e comecem a funcionar, que é o principal, porque não adianta só instalar, é preciso que esteja funcionando adequadamente. A via fica interditada para salvaguardar as pessoas evitando qualquer desastre que possa acontecer”.

Procurado, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que segue cobrando que os equipamentos sejam instalados. A implantação de um sistema de monitoramento é objeto de ação judicial envolvendo a Braskem e o MPF.

“O Ministério Público Federal (MPF) em Alagoas acompanha ininterruptamente o Caso Pinheiro nos processos Judiciais e Extrajudiciais, inclusive em relação ao monitoramento da área afetada. Como também segue cobrando a instalação dos equipamentos adequados na região – os quais são objetos em demandas judiciais ajuizadas pelo órgão, que se encontram em trâmite. Em relação à interdição da Avenida Major Cícero de Góes, principal via do bairro Mutange em Maceió, o órgão ministerial entende como medida indispensável na prevenção de vidas. Baseando-se nas informações e recomendações fornecidas pelo Serviço Geológico do Brasil – CPRM, a providência por parte do município se deu em razão das informações técnicas, que indicam o avanço da instabilidade do solo. O que acaba por reforçar as ações de desocupação daquela região, com o prazo pra 1º de abril”, garante o MPF em nota.

A Braskem alega que o monitoramento na região vem sendo realizado por diversos métodos e os dados analisados por especialistas e compartilhados com órgãos públicos.

“A área com instabilidade continua sendo estudada e vem sendo monitorada 24 horas por dia com equipamentos DGPS para acompanhamento de movimentações de solo, bem como monitoramentos de topografia, interferometria via satélite e sismógrafo de engenharia que monitora de vibrações de subsuperfície. Os dados coletados são avaliados periodicamente por especialistas, e compartilhados com as autoridades públicas responsáveis”.

Mesmo assim, instalação da rede para que a Defesa Civil faça o acompanhamento só deve ocorrer dentro de seis meses.

“Complementarmente, a Braskem contratou uma empresa internacional especializada, para fazer monitoramentos adicionais de microssísmica (mapeamento de solo e subsolo), de inclinometria (mede a direção e a intensidade do movimento do solo e subsolo em profundidade) e uso de tiltímetro (mede mudanças de inclinação na superfície). A aquisição e instalação destes equipamentos devem ocorrer em um prazo de no mínimo 6 meses (…)  A prioridade da Braskem é promover condições de segurança à população das áreas de desocupação, seja através do Programa de Apoio à Realocação e Compensação Financeira; seja no entendimento das causas do fenômeno geológico que vem atingindo a região e seu monitoramento permanente”, diz a petroquímica.

Joanna Borba esclareceu ainda que cabe à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que realize a paralisação dos trens urbanos na região do Mutange.

“A Questão do VLT não trata da Defesa Civil e Prefeitura como um todo. A gente recomenda que seja paralisado. Mas quem determina o encerramento ou não das atividades no trecho é a CBTU. Até porque trata-se de um órgão federal. A gente recomenda que seja paralisado”, diz a diretora operacional.

A CBTU foi procurada para comentar o assunto, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.

Fonte: tribuna hoje

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