Em 2018, o Brasil piorou e caiu 9 posições no ranking elaborado pela organização Transparência Internacional que avalia a percepção da corrupção no setor público em 180 países.
A pontuação brasileira recuou para 35 e o país passou a ocupar 105º lugar no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), o que representa o pior resultado desde 2012. Quanto melhor a posição no ranking, menos o país é considerado corrupto.
O IPC pontua e classifica os países com base no quão corrupto o setor público é percebido por executivos, investidores, acadêmicos e estudiosos da área da transparência. O índice analisa aspectos como propina, desvio de recursos públicos, burocracia excessiva, nepotismo e habilidade dos governos em conter a corrupção.
Os países recebem notas de 0 a 100 – sendo 0 igual a um alto grau de percepção da corrupção, e 100, um alto grau de percepção de integridade no setor público.
Veja a posição de alguns países no ranking:
1) Dinamarca – 88 pontos
2) Nova Zelândia – 87 pontos
3)Finlândia – 85 pontos
4) Singapura – 85 pontos
5) Suécia – 85 pontos
6) Suíça – 84 pontos
7) Noruega – 84 pontos
8) Holanda – 82 pontos
9) Canadá – 81 pontos
10) Luxemburgo – 81 pontos
61) Cuba – 47 pontos
78) Gana – 41 pontos
85) Argentina – 40 pontos
105) Argélia – 35 pontos
105) Brasil – 35 pontos
105) Costa do Marfim – 35 pontos
178) Sudão do Sul – 13 pontos
178) Síria – 13 pontos
180) Somália – 10 pontos
Recuos consecutivos
O Brasil vem caindo no ranking desde 2014. Em 2016, o Brasil ficou em 79º. Em 2017, o país estava na 96ª colocação.
“Este ano, chegamos à posição 105. A oitava economia do mundo [está] ocupando uma posição bastante constrangedora no ranking”, afirmou Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional no Brasil.
No ranking deste ano, o Brasil ficou empatado com Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Timor Leste e Zâmbia.
Para a Transparência Internacional, a piora da percepção da corrupção nos últimos anos coincide com o fenômeno da Lava a Jato, que tornou mais visível a corrupção sistêmica.
“Isso é natural. Já vimos acontecer em outros países que começaram a confrontar o problema de uma maneira mais contundente. O efeito de curto prazo é uma piora na percepção, porque ela se torna mais visível”, disse Brandão.
Já a queda na nota brasileira em 2018 é, na análise do diretor-executivo, um reflexo dos “grandes escândalos que atingiram o país”, entre eles, as denúncias apresentadas à Justiça contra o ex-presidente Michel Temer (MDB).
“Escândalos do governo Temer foram mensagens de que a corrupção ainda acontece no país, um presidente acusado triplamente de corrupção e lavagem de dinheiro”, declarou Brandão.
O diretor-executivo da Transparência Internacional no Brasil também afirma que o combate contra a corrupção foi negligenciado no país durante a administração Temer.
“Simplesmente se abandonou o tema, uma negligência total com o tema de preocupação número um do brasileiro. Ao contrário, não só não avançou mas houve tentativas de frear os avanços”, declarou.
O que deveria ter acontecido, na opinião de Brandão, era o país começar olhar para a frente na luta contra a corrupção sistêmica e começar a aprovar reformas legais e institucionais para atacar a causa do problema.
Como formas de o Brasil olhar para frente, o grupo recomenda medidas para aumentar a transparência, regulamentar o lobby, desburocratizar o Estado, criação de leis de proteção a denunciantes e aprimorar formas de seleção de ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas.
Ranking
Entre os países mais corruptos do ranking, estão Somália, Síria, Sudão do Sul, Iêmen e Coreia do Norte.
A Dinamarca lidera o ranking com menor percepção de corrupção, com 88 pontos. Entre os 10 países melhores colocados, sete são nações europeias. O Canadá é o único representante das Américas no top 10.
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