
A partir de quinta-feira (14), a bola começa a rolar no maior torneio mundial de futebol. Em 2018, a Copa do Mundo chega à sua 21ª edição e a seleção brasileira, liderada pelo técnico Tite e o atacante Neymar, vai em busca do hexacampeonato, além de definitivamente deixar para trás o vexame histórico do último Mundial. Se por um lado o Brasil entra como um dos favoritos ao título, o mesmo não aconteceria caso a competição envolvesse os indicadores educacionais de cada um dos 32 países participantes.
Segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) elaborado em 2016, com dados de 2015, o País figura apenas na 26ª colocação em média de anos de estudo da população adulta com 25 anos ou mais. Ocupa a 24ª posição quando é avaliado o percentual de alunos matriculados no ensino superior em relação ao grupo populacional entre 18 e 24 anos. Já em relação a expectativa de anos de estudo para crianças com idade para entrar na escola, o País encontra-se um pouco melhor: 19ª lugar.
Os resultados pífios apresentados nos rankings podem ser creditados à falta de investimento adequado no desenvolvimento da educação básica, uma vez que hoje o País gasta anualmente apenas US$ 3,8 mil (R$ 11,7 mil) por aluno no primeiro ciclo do ensino fundamental (até a 5ª série) – um dos piores índices mundiais, segundo dados do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O cenário é um pouco melhor em relação aos gastos com estudantes universitários. Nesse caso, o Brasil investe US$ 11,7 mil (R$ 36 mil), se aproximando de alguns países europeus, como Portugal, Estônia e Espanha, com despesas, respectivamente, por aluno, de US$ 11,8 mil, US$ 12,3 mil e US$ 12,5 mil, e até ultrapassa países como a Itália (US$ 11,5 mil), República Checa (US$ 10,5 mil) ou Polônia (U$ 9,7 mil).
No entanto, para o diretor de relações institucionais do Quero Bolsa, Marcelo Lima, a disparidade dos recursos acaba afetando de maneira geral os índices educacionais brasileiros, porque se não há uma educação básica de qualidade, a quantidade de estudantes com possibilidade de acesso ao ensino superior continuará sendo limitada, sem espaço para avanços significativos.
“A educação nunca foi tratada como prioridade absoluta por nenhum governante. São anos de descaso. Coube, nos últimos anos, à iniciativa privada assumir a responsabilidade com intuito de suprir essa lacuna deixada pelo Estado. Sem dúvida, se não fosse o investimento realizado pelos grupos educacionais, as coisas estariam ainda piores”, avalia.
A seguir, confira o ranking completo com os indicadores educacionais dos 32 países da Copa:
País
Expectativa de anos de estudo
Média de anos de escolaridade
Taxa bruta de matrícula no Ensino Superior em jovens de 18-24 anos
Alemanha
17,1
13,2
65%
Arábia Saudita
16,1
9,6
61%
Argentina
17,3
9,8
80%
Austrália
20,4
13,3
87%
Bélgica
16,6
11,4
73%
Brasil
15,2
7,8
46%*
Colômbia
13,6
7,6
51%
Coréia do Sul
16,6
12,2
95%
Costa Rica
14,2
8,7
53%
Croácia
15,3
11,2
70%
Dinamarca
19,2
12,7
82%
Egito
13,1
7,1
32%
Espanha
17,7
9,8
89%
França
16,3
11,6
64%
Inglaterra
16,3
13,3
56%
Irã
14,8
8,8
66%
Islândia
19
12,2
82%
Japão
15,3
12,5
62%
Marrocos
12,1
5
25%
México
13,3
8,6
30%
Nigéria
10
6
n/a
Panamá
13
9,9
39%
Peru
13,4
9
41%
Polônia
16,4
11,9
71%
Portugal
16,6
8,9
66%
Rússia
15
12
79%
Senegal
9,5
2,8
7%
Servia
14,4
10,8
58%
Suécia
16,1
12,3
62%
Suiça
16
13,4
57%
Tunísia
14,6
7,1
35%
Uruguai
15,5
8,6
63%
*Segundo o Observatório do Plano Nacional de Educação (PNE), órgão que acompanha o cumprimento das metas do Plano Nacional da Educação (PNE), a taxa bruta de matrícula no Brasil para o ano de 2015 é 34,6%.
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