“Janot facilitou a vida de Michel”, diz Renan Calheiros

“Janot facilitou a vida de Michel”, diz Renan Calheiros

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi o entrevistado do Papo de Bastidor, quadro semanal exibido no Jornal do SBT.

O convidado do repórter Thiago Nolasco nessa sexta-feira, 15, para uma “conversa com uma figura política central sobre os acontecimentos mais relevantes” foi o senador Renan Calheiros, ex-presidente e ex-líder do PMDB na casa.

No papo de 4 minutos, Renan aponta o que talvez seja o principal ponto de sua divergência com o governo de Michel Temer: “o governo cometeu muitos erros na origem, o papel que era exercido pelo Eduardo Cunha como presidente da Câmara dos Deputados e como liderança maior do grupo que o próprio presidente integra. Ele teve papel fundamental na formação do próprio governo e o Michel Temer sinceramente não entendeu que papel deveria cumprir”.

Apesar de fazer oposição a Temer, Renan avalia que Michel poderá “escapar” da segunda denúncia feita pela PGR, em função do comportamento “excessivo” de Rodrigo Janot: “eu acho que os excessos do Janot, os exageros do Janot, ele acabou facilitando a vida do presidente Michel”.

Renan fala ainda sobre os inquéritos de que é alvo na PGR e prevê que Geddel poderá, pelo seu comportamento “afirmativo” fazer uma delação “surpreendente”.

Veja a entrevista, na íntegra:

Thiago Nolasco: O senhor é do PMDB, do mesmo partido do presidente mas adotou uma postura de oposição. Porque?

Renan Calheiros: porque o PMDB é um partido grande, de muitas correntes e todos não pensam exatamente igual.

TN: Quais são os eros do governo?

RC: Eu acho o governo cometeu muitos erros na origem, o papel que era exercido pelo Eduardo Cunha como presidente da Câmara dos Deputados e como liderança maior do grupo que o próprio presidente integra. Ele teve papel fundamental na formação do próprio governo e o Michel Temer sinceramente não entendeu que papel deveria cumprir.

TN:O Eduardo Cunha ainda tem influência no governo mesmo preso?

RC: Nós nos deparamos com a nomeação por influência do Eduardo Cunha do Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça. E aquilo era inclusive do ponto de vista das investigações um retrocesso muito grande. Porque naquela oportunidade, o Osmar era a pessoa mais próxima do Eduardo Cunha, mesmo na prisão.

TN:O senhor está liderando a criação de uma CPI sobre supersalários. Qual é a intenção?

RC: Porque nós vivemos uma excrescência com relação a esses salários que se pagam no Brasil no serviço público, além do teto constitucional.

Tem algum objetivo de atingir o judiciário?

RC: Absolutamente não tem nenhum objetivo de atingir o judiciário

TN: Rodrigo Janot, qual que é o legado que ele deixa?

RC: Acho que o Rodrigo Janot errou muito porque politizou o seu papel. O Rodrigo Janot assumiu indicando para compor a força tarefa da lava-jato três procuradores que foram rejeitados pelo Senado para o Conselho Nacional do Ministério Público. Eu denunciei esse fato o tempo todo nunca vi nenhuma linha em nenhum jornal sobre este fato.

TN: Na lava-jato o senhor responde a 17 inquéritos e dois foram arquivados. O senhor está preparado para responder a todas essas denúncias?

RC: Não só estou preparado como todas as investigações são por ouvir dizer, fala-se, interpretei, tudo na forma desse estilo que foi adotado nas delações.

TN: Geddel preso causa pânico no governo a possibilidade de fazer uma delação premiada?

RC: O Geddel tem um temperamento muito afirmativo. E ele pode reagir surpreendentemente a essa prisão.

TN: A segunda denúncia do Ministério Público contra o presidente Michel Temer desestabiliza o governo?

RC: Eu acho que os excessos do Janot, os exageros do Janot, ele acabou facilitando a vida do presidente Michel.

TN: Para terminar a gente sempre tenta dar uma descontraída senador e eu gostaria saber qual foi sua reação ao saber que foi personagem de memes, como por exemplo meu malvado favorito e outra aqui de situações inusitada de votações, qual foi sua reação?

RC: Acho que normal. Hoje, no pós verdade a gente tem uma convivência diferente da representação popular e eu tenho feito um esforço muito grande para me amoldar a essas circunstâncias.

Edivaldo Junior

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Redação

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