Polo Agroalimentar de Batalha ajuda a mudar realidade sertaneja

Polo Agroalimentar de Batalha ajuda a mudar realidade sertaneja

“Oportunidade é só o que precisa quem tem persistência e vontade de alçar voos mais altos”, afirma Gardênia da Silva Francisca Oliveira, uma alagoana de 25 anos, nascida no município de Batalha, Alto Sertão, região onde está localizada a Bacia Leiteira do Estado.

Filha de dois pequenos produtores rurais residentes do povoado Alto do Meio, Gardênia cresceu na roça, onde aprendeu a plantar, colher, tirar leite da vaca e os segredos da produção de queijo de coalho artesanal. E mesmo podendo dar continuidade à atividade da família, a jovem queria mais… Por isso não desistiu dos estudos, chegando a concluir este ano o curso de Pedagogia a distância.

Mesmo antes de conquistar o diploma, Gardênia decidiu buscar mais conhecimento para contribuir e aprimorar a atividade dos pais. Foi aí que descobriu o Polo Agroalimentar de Batalha – uma iniciativa da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), em parceria com o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) – que detém um centro de pesquisa com foco no setor produtivo do leite e derivados, onde são oferecidos cursos técnicos para os jovens da comunidade.

“Quando eu soube que no Polo seria ministrado o curso técnico de agroindústria, isso despertou ainda mais a minha curiosidade e o desejo de ajudar a minha família. Eu sabia que era um espaço que me abriria grandes portas, onde eu poderia desenvolver pesquisas, adquirir conhecimentos e tentar profissionalizar o trabalho que meus pais já desenvolviam”, conta.

E assim ela fez. Já casada, morando na zona urbana de Batalha, Gardênia ingressou na primeira turma do curso de agroindústria do Polo de Batalha, em 2015. Mesmo enfrentando os desafios de uma mãe trabalhadora, tentando conciliar os estudos e os cuidados com o pequeno Carlos Eduardo, a jovem se destacou no curso ao se tornar monitora da disciplina de Tecnologia de Alimentos e, também, por desenvolver um protejo de pesquisa sobre a produção do queijo ricota como uma alternativa de renda familiar no Sertão de alagoas.

“Não foi fácil seguir adiante. Como eu morava na zona rural, tinha que pegar um ônibus escolar às 11h, passar pelas outras rotas, para tentar chegar em tempo. Muitas vezes perdia a primeira aula. Sem contar que tive de levar meu filho para as aulas comigo e, para não perder tempo, a gente ia almoçando dentro da condução mesmo. Cheguei a pensar em desistir, mas a minha persistência prevaleceu”, relembra.

Foi através desse projeto de pesquisa desenvolvido dentro do Polo e apresentado na Cooperativa de Produção Leiteira de Batalha que Gardênia consegui ingressar no mercado de trabalho, antes mesmo de se formar. “Um empresário de um laticínio da região viu o meu projeto e me convidou para trabalhar na empresa dele, onde já atuo há 8 meses, desde dezembro de 2015, com carteira assinada”, celebra Gardênia, mencionando que concluiu o curso em fevereiro deste ano.

“Talvez, se não fosse o espaço do Polo e essa parceria com o Ifal, eu não teria as mesmas oportunidades. O Polo trouxe muita riqueza para nossa comunidade, para os estudantes, oferecendo espaços e laboratórios para aulas práticas”, ressalta.

Hoje, Gardênia é a supervisora do Controle de Qualidade do Laticínio Batalha e a única mulher entre os 25 funcionários da indústria onde trabalha especializada na fabricação de queijos e derivados. Circula por todos os setores, desde o recebimento da matéria-prima, processamento, industrialização, até a embalagem e o produto final.

Até hoje, a jovem continua levando para os familiares as boas práticas de fabricação e o conhecimento adquirido e admite: “Foram 1 ano e 3 meses de curso que mudaram uma vida inteira. Espero que a minha história sirva de exemplo para muitos adolescentes da minha cidade”, disse, ressaltando raque é importante sonhar sempre, sem tirar os pés do chão.

Polo Agroalimental

O Polo Tecnológico Agroalimentar de Batalha, localizado na Avenida Governador Afrânio Lages, no centro da cidade, é um projeto do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).

Ocupa uma área de 1.900 m² e disponibiliza os serviços de Biotecnologia, Certificação de Produtos, Análises Físico-Químicas e de Nutrição, Genética e Reprodução Animal.

Atualmente, além da parceria com o Ifal, os cursos da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) são ministrados para a comunidade, visando potencializar os produtores da região.

Em parceria com o Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater-AL), que hoje ocupa parte do Polo, desenvolve um trabalho de apoio à agricultura familiar, com foco na cadeia produtiva do leite, beneficiando a cidade de Batalha e os onze municípios circunvizinhos.

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Fonte: Assessoria

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