Alagos é o único Estado que não cumpre lei da merenda escolar

Alagos é o único Estado que não cumpre lei da merenda escolar

Levantamento realizado pelo FNDE do Ministério da Educação revela que até 2014 apenas dois estados brasileiros não tinham feito nenhum tipo de aquisição de produtos da agricultura familiar: Amapá e Alagoas.

Durante reunião com cooperativas, em junho do ano passado, o governador Waldez Góes (PDT) e a secretária de Educação do Amapá, Conceição Medeiros, garantiram que o Estado passaria a cumprir a lei que determina a compra de no mínimo 30% da merenda a agricultores familiares.

Em Alagoas, a mesma promessa foi feita pelo governador Renan Filho e pelo secretário de Educação, Luciano Barbosa, no ano passado, como antecipei aqui (http://wp.me/p6TEFy-2OL).

O governo pretendia fazer essa compra através de convênio com a Conab. A proposta não saiu do papel e a questão foi “esquecida”.

Por ano, o governo de Alagoas deveria destinar, no mínimo, R$ 6 milhões para a compra de alimentos da agricultura familiar.

Depois de participar do “Encontro Técnico do Programa Nacional de Alimentação Escolar”, realizado nessa sexta-feira, 6, na Ufal, em Maceió, dirigentes da União das Cooperativas da Agricultura Familiar de Alagoas (Unicafes-AL) decidiram aumentar o tom da cobrança pelo cumprimento da lei em Alagoas.

“Os técnicos do PNAE e do FNDE que participaram do encontro disseram que o estado está descumprindo a legislação por falta de vontade política, por falta de interesse. Não existe nada que justifique o descumprimento da lei, uma vez que existem vários grupos organizados com capacidade para atender o programa da merenda escolar”, explica o presidente da Unicafes-AL, João dos Santos.

Depois do encontro, a Unicafes-AL definiu uma estratégia de luta que será desencadeada em conjunto com outras entidades que representam a agricultura familiar, a exemplo da Fetag: “vamos fazer uma carta aberta ao governador, pedir uma audiência e denunciar o descumprimento da lei ao Ministério Público Estadual”, adianta.

João dos Santos ressalta que apesar do bom relacionamento com o governador, não restará outra opção aos agricultores familiares a não ser fazer uma cobrança mais efetiva:  “temos uma boa relação com Renan Filho e já pedimos por diversas vezes que essa situação seja resolvida. O governador já prometeu uma solução, mas a demora está prejudicando milhares de agricultores familiares. Somente no ano passado, deixamos de comercializar mais R$ 6 milhões para a merenda escolar”, revela.

O exemplo de Maceió

João dos Santos lembra que até 2014 a prefeitura de Maceió nunca tinha comprado merenda da agricultura familiar: “na capital a situação era a mesma. No ano passado, depois de um encontro com a Unicafes, o prefeito Rui Palmeira resolveu cumprir a legislação e hoje as escolas da rende de ensino de Maceió compram cerca de R$ 2 milhões por ano de agricultores familiares, através de cooperativas e associações. Se o Rui Palmeira conseguiu fazer, porque Renan Filho não consegue?” questionou.

O que diz a lei

“Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações…”, diz a legislação em vigor desde 2009 (Lei n° 11.947/2009 – PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar) que nunca foi cumprida pelo Estado de Alagoas.

EJ

Author Description

Redação

Sem Comentários ainda.

Participe do debate