Procurador da Zelotes diz ser ‘muito difícil’ provar propina a parlamentares

Procurador da Zelotes diz ser ‘muito difícil’ provar propina a parlamentares

Um dos procuradores da Operação Zelotes, Frederico Paiva, reconheceu que, embora haja indícios de que parlamentares tenham recebido propina durante a tramitação de medidas provisórias, dificilmente será possível comprovar os pagamentos. “Parlamentar deve ter recebido. Agora, provar isso vai ser muito difícil, infelizmente”, concluiu Paiva.

Ele disse que o modus operandi de dois dos réus —os lobistas Alexandre Paes dos Santos, o APS, e José Ricardo da Silva— dificulta o rastreamento de valores.

“Houve saque de um R$ 1 milhão na boca do caixa. Na medida em que há cash, uma mochila cheia de dinheiro, [provavelmente] não se consegue rastrear mais”, justificou.

Segundo ele, o montante era guardado num cofre a que apenas APS e Silva tinham acesso.

“A partilha era feita em dinheiro vivo, justamente para dificultar, e dificulta”, afirmou Paiva, sem especificar, nesse caso, quem se beneficiava da divisão dos recursos.

Ele lembrou ainda que, para o Ministério Público, está claro que parte da propina foi paga a ex-secretária de Comércio Exterior no MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) Lytha Spíndola e ao ex-diretor de Comunicação Social do Senado Fernando Cesar Mesquita.

O procurador lamentou o fato de algumas medidas solicitadas pelo Ministério Público Federal, como quebras de sigilos, terem sido negadas pela Justiça Federal.

“Isso [os vetos aos pedidos feitos pela Procuradoria] também atrapalhou, mas faz parte, são entendimentos jurídicos”, concluiu Frederico Paiva.


ZELOTES

Deflagrada no ano passado, a Operação Zelotes mirou em suspeitas de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).

O órgão, vinculado ao Ministério da Fazenda, tem como atribuição julgar recursos de multas aplicadas pela Receita Federal.

Em outra frente da operação, os investigadores apuram se houve repasses ilícitos para que fossem aprovadas duas medidas provisórias que concediam benefícios fiscais à indústria automotiva.

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Redação

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