O senador Renan Calheiros é imprevisível apenas para aqueles que pensam diferente dele (alguém aí consegue pensar igual?). As vezes sim é sim, as vezes sim é não ou talvez. Quando aparenta fraqueza, surge mais forte. Cartas na manga? Incontáveis. E se não tiver, ele inventa.
Depois de amargar seguidas derrotas no começo do ano para Michel Temer, à época o homem forte da coordenação política e responsável por movimentos como a demissão de Vinicius Lages do Ministério do Turismo, que quase o levaram ao seu rompimento com Dilma Rousseff, o senador alagoano ressurge no cenário nacional com uma força jamais vista.
Atualmente, Renan Calheiros é apontado como o fiel da balança do impeachment e único como lucidez e liderança capaz de barrar os exageros (para não dizer devaneios) de Eduardo Cunha na Câmara Federal ou de “unificar” o PMDB, rachado pela vontade de Temer em tomar o lugar de Dilma Rousseff na base do “tapetão”.
Depois de resistir, com um recuo estratégico, Renan Calheiros voltou a ofensiva. Ele ajudou a devolver à liderança do PMDB na Câmara Federal a Leonardo Piacini, baixou a fervura do impeachment e agora trabalha, embora negue, para tirar “liberar” o PMDB do controle do vice-presidente Michel Temer.
A convenção do PMDB será em março. Renan Calheiros garante que só vai tratar da questão a partir de fevereiro. Pode até ser. Mas até lá, anote, ele deve reunir forças para mudar o jogo no diretório nacional do partido. Temer deve enfrentar o presidente do Senado ou um nome apoiado por ele na convenção.
No momento, os ventos sopram a favor de Renan Calheiros. Se não houver mudança no “clima”, Temer não só verá escorregar de vez a chance de assumir a presidência da república, mas provavelmente enfrentará um período de total e completo ostracismo político.
O que Renan Calheiros diz
O presidente do Senado falou sobre a pendenga com o vice-presidente com o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo. Veja:
Depor Michel Temer é um “simulacro de impeachment”, diz Renan Calheiros
Fiel da balança no processo de impeachment contra Dilma Rousseff, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), 60 anos, acena com um armistício em relação ao vice-presidente, Michel Temer, que também é o atual presidente nacional peemedebista.
“Não há qualquer movimento para depor o Michel [Temer]”, afirma Renan, abafando um pouco as manifestações de outros integrantes do PMDB pró-Dilma Rousseff, insatisfeitos com a atuação do vice-presidente da República.
Para Renan, “essa história de depor o Michel é um simulacro de impeachment”. Poderá haver disputa na Convenção Nacional do PMDB, programada para março de 2016. Mas as conversas começam só em fevereiro, diz o presidente do Senado.
Sobre ter seus sigilos quebrados por causa da Operação Lava Jato, Renan diz que já havia proposto entregar tudo espontaneamente no início de 2015.
A seguir, trechos da conversa com o presidente do Senado:
Seu grupo quer tirar Michel Temer da presidência do PMDB?
“Não há qualquer movimento para depor o Michel [Temer]”.
Mas aliados seus falam a respeito nos bastidores…
“O que foi feito no PMDB recentemente foi muito ruim. A reunião da Executiva Nacional que criou regras para filiação. Não é da natureza nem da história do PMDB ter esse tipo de atitude”.
Mas o sr. apoia as iniciativas para depor Michel Temer?
“Todos os meus movimentos são para unificar o partido. Essa história de depor o Michel é um simulacro de impeachment. Isso não existe e não há nenhum movimento nesse sentido”.
Veja aqui o texto na íntegra: http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2015/12/23/depor-michel-temer-e-um-simulacro-de-impeachment-diz-renan-calheiros/
Edivaldo Junior